Na última quarta-feira (1º), a Rádio Gaúcha divulgou reportagem que causou polêmica entre os rosarienses. Segundo pesquisa feita pelo veículo de comunicação no Portal da Transparência do Legislativo, a Câmara de Vereadores de Rosário do Sul gastou R$ 776.589,35 em diárias na legislatura passada, entre 2013 e 2016. Comparando com um município como Santa Maria, por exemplo, os políticos rosarienses teriam gasto quatro vezes mais, sendo que Rosário conta com oito vereadores a menos e cerca de 40 mil habitantes, enquanto Santa Maria tem 277.309 mil.

“Em 2013, os gastos dos vereadores em Rosário do Sul chegaram a R$ 172,9 mil. No ano seguinte, o valor foi de R$ 201,7 mil. Já em 2015, o total foi de R$ 228,5 mil, ano com maior gasto em toda legislatura. No último ano do mandato dos vereadores – em 2016, que foi ano eleitoral – o valor teve uma redução: R$ 173,3 mil”, informa a reportagem assinada por Marcelo Martins.

Um dos vereadores citado é Adriano Dornelles (DEM), que foi reeleito em 2016 mas licenciou-se do cargo para assumir como secretário municipal de Obras neste ano. Em 2013 ele teria sido o vereador que mais gastou, retirando R$ 23,5 mil. No ano seguinte, a apontada é a então vereadora Cintia Pereira de Souza (PDT) que gastou R$ 25,4 mil. Ela concorreu para o mesmo cargo nas eleições municipais de 2016, mas não foi eleita.

Já em 2015, a vereadora Catarina Vasconcelos Severo (PPS) teria sido quem retirou mais em diárias: R$ 29,1 mil. Ela foi reeleita no ano passado, mas a exemplo de seu colega Adriano, licenciou-se do cargo para assumir como secretária municipal de Assistência Social, Habitação e Trabalho.

No último ano da gestão passada a vereadora Cíntia apareceria novamente, ao lado de Álvaro Pereira Gonçalves (PRB), ambos com gastos de R$ 20,6 mil em diárias. Gonçalves também foi reeleito no pleito passado.

O atual vice-prefeito de Rosário do Sul, Rafael Pinto (PPS), também foi lembrado na matéria. Ele, que foi vereador na legislatura passada, retirou R$ 24,9 mil em diárias nos quatro anos.

Vereadores justificam gastos com conquistas para o município

Em contato com a Gazeta de Rosário, o agora secretário municipal de Obras, Adriano Dornelles, afirmou que o valor retirado é irrisório perto do que foi produzido. Ele ainda lembra que em 2013 estava presidindo a Casa e que diminuiu o valor das diárias legislativas em 40%. “Consegui, por exemplo, uma ambulância e mais R$ 3 milhões. Eu acho que o custo benefício é fantástico. Fora o que eu aprendi em termos de legislação para poder fiscalizar as questões orçamentárias e as aplicações dos recursos”, ressalta ele.

Dornelles também cita como conquistas dessas viagens a abertura de três poços artesianos, que devem acontecer em breve, o registro de uma escola particular em Rosário e a fresa asfáltica para as ruas do município. Ele também lembra que durante a sua gestão, muitos eventos foram realizados, como a visita por três vezes do presidente da Assembleia Legislativa, na época Pedro Westphalen, e 20 audiências públicas. “E foi um ano em que montei quase toda a Câmara de Vereadores em sua nova sede e ainda devolvi R$300 mil”, conclui.

O vereador Álvaro Gonçalves também fala do retorno que as viagens proporcionaram ao município. Uma emenda de R$250 mil para os postos de saúde, outra do mesmo valor também para a saúde que já estaria confirmada, e mais uma de R$500 mil para a acessibilidade no município foram citadas, todas elas provenientes do deputado federal Carlos Gomes (PRB). Paralelo a isso, também foi lembrada a aquisição de um veículo de onze lugares para a ação social no município, que deve ser entregue dentro de 30 dias.

“Também tem o fator de aprimoramento em leis e o contato com a FADERS (Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no RS), que vai trazer um curso de libras. Por que não usar telefone ou a internet pra isso? Porque é melhor protocolar pessoalmente do que fazer uma ligação aleatória e não saber o retorno”, explicou a assessoria de imprensa do vereador. Gonçalves também reforça que as portas de seu gabinete estão abertas à comunidade para uma justificativa de todos os gastos, que são comprovados por notas fiscais e documentação.

A ex-vereadora Cíntia Souza preferiu não se manifestar sobre o assunto.

Deslocamentos

A atual secretária municipal de Assistência Social, Habitação e Trabalho, Catarina Vasconcelos, ressaltou que as diárias são ajudas de custos para o deslocamento, visto que a Câmara de Rosário não possui veículo e os vereadores precisam usar os pessoais. Ela também citou que a busca por recursos sempre acontece fora do município, visto que todos os órgãos do governo estadual ficam em Porto Alegre ou alguns poucos nas regionais.

“No ano de 2015 eu fui presidente, portanto estive representando o Poder Legislativo em eventos e ações, além da atuação como vereadora, auxiliando na busca de recursos e resolução de diversas demandas da comunidade junto aos órgãos competentes”, esclareceu ela.

Catarina também lembrou que na legislatura passada o município foi contemplado com mais de 3 milhões em emendas parlamentares, “fruto da busca dos vereadores tanto na esfera estadual como federal”.