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Apenados aprendem a produzir hortaliças como forma de inclusão social

No final da tarde da última segunda-feira (15), nas dependências do Presídio Estadual de Rosário do Sul, foi realizada a cerimônia de conclusão do curso de produção de hortaliças. O curso básico teve carga horária de 24 horas, e foi ministrado entre os dias 10 e 14 desde mês, no presídio. A realização é do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), com apoio do Sindicato Rural de Rosário do Sul.

Este é o terceiro curso realizado nessa parceria nos últimos três meses. Como resultado positivo, se prevê a doação das hortaliças produzidas a uma entidade filantrópica do município. Ao todo, dez apenados e três agentes foram qualificados. A finalidade principal do projeto é de qualificar os apenados para que tenham melhor acesso à inclusão social após o cumprimento da pena.

A horta orgânica foi criada nos dois cursos anteriores, de construção e manejo de estufas e produção de hortaliças. Totalmente orgânica e de padrão industrial, produz uma variedade de hortaliças como alface, couve, cenoura, cebolinha, entre outros, em vários canteiros que são mantidos pelos alunos.

Construída na área externa do estabelecimento, aumentou a qualidade da alimentação da casa e proporcionou o trabalho prisional, segundo o diretor do Presídio, Aloísio Pacheco. “A horta vem superando as expectativas, o que possibilitará, nos próximos dias, a prática da parte social do projeto, a qual prevê a doação de hortaliças a entidade filantrópica do nosso município”, explicou.

A entidade a ser beneficiada será a Casa de Passagem, que abriga crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Parte da produção será entregue uma vez na semana. “É um trabalho valoroso para eles, saber que o trabalho que estão fazendo aqui não ficou só para o presídio. É um projeto social que está saindo para a sociedade”, ressaltou Pacheco, durante a cerimônia de formatura.

Crescimento pessoal e conhecimento adquirido

O juiz da comarca local, Felipe Sandri, destacou que o conhecimento adquirido servirá para o crescimento pessoal de cada aluno participante. “O conhecimento nunca é demais. Até porque vocês estão aqui hoje, mas amanhã estarão de volta em sociedade, e a gente espera que não só o aprendizado, mas o contato humano que vocês tiveram com o pessoal da casa sirva para crescimento pessoal, crescimento humano, pois vocês tem contato com pessoas especiais aqui”, manifestou.

Já o promotor de Justiça, Lucas Machado, ressaltou que além de deixar algo construído no presídio, cria-se uma possibilidade nova na vida dos alunos. “Tudo que a gente mais deseja é que vocês saiam daqui melhores, que possam sair daqui de cabeça erguida e construir uma vida diferente lá fora. Então, esse tipo de projeto é uma grande oportunidade. Que bom que vocês puderam abraçar e aprender. Além de deixar um legado no presídio, também poder criar uma possibilidade de mudar sua vida lá fora”, disse.

O delegado da 6ª Delegacia Penitenciária Regional, Nilton Moreira, também se pronunciou, agradecendo ao professor e aos funcionários do presídio que fizeram parte do projeto. “A gente agradece e desejamos que façam bom proveito dos ensinamentos do professor”, pontuou.

Resultados positivos

A assistente social do Presídio de Rosário do Sul, Elizandra Gross, contou que um dos ex-apenados que participou dos primeiros cursos já buscou a Secretaria Municipal de Assistência Social para desenvolver seu projeto de horta. “Eram 12 e um já está lá, plantando, e daqui a uns dias estará produzindo e quem sabe vamos encontrar ele com outros produtores. Desejo que do curso de hoje vocês levem também um pouco para a vida pessoal, pois logo estarão lá fora e aproveitem cada momento desses. Tudo aquilo que adquirimos de conhecimento é algo que ninguém nos tira”, assinalou.

O instrutor do Senar, engenheiro agrônomo Norton Santini, que ministrou o curso, destacou que trabalha na área há 22 anos. Quinze desses anos foram destinados a cursos que incluem presídios. Porém, foi em Rosário do Sul que ele teve a maior surpresa em termos de resultado. “De todos os projetos que a gente implanta, diria que as hortaliças da horta dessa casa são as melhores que vi em todos os locais. Eu vi o resultado agora e fiquei surpreso, incrível. Houve um cuidado e um interesse pelos que estavam aqui. É preciso gostar do que se faz” definiu.

Fotos e Reportagem: Julio Lemos / Gazeta de Rosário

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