Dez apenados do regime semiaberto do Albergue do Presídio Estadual de Rosário do Sul concluíram dois cursos ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), em parceria que envolveu a diretoria do Presídio, Poder Judiciário, Conselho da Comunidade – grupo encarregado de auxiliar o Presídio – e Sindicato Rural da cidade.
Os participantes tiveram lições de construção e manejamento de estufas, além de produção de hortaliças em estufas. Os cursos duraram oito dias, com 64 horas aula, capacitando dez apenados, bem como dois servidores da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
A ideia de inserir apenados do semiaberto em cursos de qualificação partiu do diretor do Presídio, Aloísio Pacheco, juntamente com a servidora e assistente social da instituição, Elizandra Gross, além do agente Sidnei Gomes e da presidente do Conselho da Comunidade, assistente social Érica de Quadros, no ano passado. Os projetos foi encaminhado ao Poder Judiciário, a fim de ser contemplado junto à Vara de Execuções Criminais (VEC) pelas penas alternativas. Ambas as propostas foram aprovadas.
O Sindicato Rural entrou como parceiro e ofertou os cursos pelo SENAR, tendo como instrutor o engenheiro agrônomo Norton Lucio Santini. As Secretarias Municipais de Obras e de Agricultura também deram suporte à realização dos cursos. A partir dos ensinamentos das aulas, dez estufas foram construídas em uma área não utilizada do Presídio, onde os apenados estão cultivando hortaliças.
O curso foi encerrado na tarde de segunda-feira (03). A formatura teve a presença de autoridades locais e de representantes das entidades parceiras. Todos fizeram uma visitação ao local e verificaram o trabalho dos alunos apenados. Nas próximas semanas os participantes receberão certificados de conclusão dos dois cursos.
União de esforços
Para o administrador do presídio, Aloísio Pacheco, o objetivo foi atingido e beneficiará os participantes quando do seu reingresso na comunidade. “A qualificação possibilitará inserir apenados nas atividades laborais com remição e com reinserção social. Eles poderão utilizar os aprendizados de forma positiva quando forem reinseridos na comunidade”, disse. Pacheco também anuncia que existe a possibilidade de outros cursos serem ministrados, como de eletricista, pedreiro e marceneiro.
As estufas possuem qualidade industrial e as hortaliças ali produzidas tendem a melhorar a qualidade nutritiva da população carcerária, atenderá 100% dos apenados, sendo possível ainda o fornecimento de plantas para entidades filantrópicas do município.
Já o Juiz Felipe Sandri disse que acompanhou o desenvolvimento do trabalho e elogiou a parceria que possibilitou a realização dos cursos. “Na semana passada estive aqui por ocasião da inspeção mensal e confesso que fiquei tocado com o trabalho de vocês e com o apoio técnico fundamental dispensado pelo Sindicato Rural e pelo SENAR. São iniciativas como essa que fazem a diferença. Esse tratamento humano que a gente deseja que seja dispensado àqueles que estão em cumprimento de pena, para reinserir na sociedade, se possível com um conhecimento adquirido”, declarou.
Para o presidente do Sindicato Rural, Ayrton Marçal, os alunos do curso poderão usar o conhecimento adquirido para serem empreendedores no futuro. “Parabenizo vocês, que estão com essa vontade e intenção de serem pessoas produtivas, trabalhadoras”, assinalou Marçal, colocando o Sindicato Rural à disposição para outras ações como essa.
Já a presidente do Conselho da Comunidade, Érica de Quadros, emocionou-se ao comentar sobre o projeto: “Nós, sozinhos, não conseguimos nada. Agarrem essa oportunidade, porque ela é única, e não são todos que têm. É uma oportunidade de vocês se reinserirem de maneira digna. Eu fiquei encantada na semana passada, quando estive aqui e vi vocês trabalhando com vontade. Parabéns pelo lindo projeto e espero agora que seja um sucesso essa horta”, disse ela, também agradecendo à equipe do Conselho e ao juiz Sandri.
Por fim, o supervisor regional do SENAR, Giovani Bolzoni, destacou a importância do envolvimento de toda a comunidade para a reintegração dos apenados com os cursos. “A sociedade civil questiona muito a reintegração do apenado e nos sentimos orgulhosos com o que está acontecendo aqui”, disse Bolzoni, lembrando que o SENAR já realizou projetos semelhantes em outras cidades e que a instituição completa 25 anos nesse mês de abril.
