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Biólogos registram a diversidade das aves de Rosário do Sul

O cinza tem predominado nas cidades do mundo todo. Com a crescente urbanização, o verde da natureza ocupa pouco espaço no cotidiano dos cidadãos que vivem em grandes e até pequenos centros. Em Rosário do Sul, no entanto, ainda é possível estar em contato com as belezas naturais.

Há quem tenha, inclusive, unido profissão e lazer, e registrado a vida que habita as árvores do município. Os biólogos Cassiana Aguiar, que atualmente é mestranda em Ciências Biológicas, e o namorado Arthur Santana, são exemplo disso. Estudantes da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) de São Gabriel, eles estão registrando e catalogando alguns dos “moradores” da Vila Lindoca: as aves. Em entrevista à Gazeta de Rosário, Aguiar conta que já foram fotografadas mais de 80 espécies, mas que na cidade, como um todo, são mais de 180. A expectativa do casal é encontrar muitos outros animais do tipo na Vila Lindoca. O local de análise fica na Rua Duque de Caxias, atrás do 4º Regimento de Carros de Combate (RCC) e era antiga morada do personagem histórico do município, ex-prefeito Mário Ortiz de Vasconcellos.

“Esse tipo de catalogação tem a finalidade de contribuir com a ciência e, consequentemente, atribuir medidas de conservação para a biodiversidade”, explicou a bióloga, citando que a prática acaba se tornando um vício. “Confesso que já nem lembro quando essa paixão começou, parece que ela me acompanha desde que nasci”, completou ela, que teve a primeira experiência em pesquisa de aves durante a graduação, auxiliando uma colega.

Segundo Aguiar, Rosário do Sul está localizado em uma área do Pampa rica em diferentes tipos de ambientes. “Esse mosaico propicia uma infinidade de recursos que permitem uma vasta biodiversidade”, pondera. Ela também ressalta que muitos pesquisadores se preocupam com o uso extenso e inadequado dos recursos naturais na região. “Isso afeta diretamente a fauna e flora, podendo acarretar consequências não só na natureza, mas também para nós”.

Além de conhecer as espécies presentes na Vila Lindoca, os biólogos pretendem compreender como utilizar os resultados para a educação ambiental no município e atrair visitantes de outros lugares para conhecerem a biodiversidade de Rosário. Um livro pode ser produzido, futuramente, com os registros. Por enquanto, a lista das aves pode ser acessada pelo site e visualizada na página oficial do projeto no Facebook.

Vila Lindoca

Assim que os biólogos tomaram conhecimento da abertura da Vila Lindoca como centro de bem-estar, desenvolveram a ideia de desbravar a biodiversidade do local. O administrador Olivério Vasconcellos abraçou a causa e abriu as porteiras da fazenda para que Aguiar e Santana fizessem sua pesquisa. “O fato de ser um local mais afastado e com pouca urbanização ao redor contribui para que mais animais escolham o ambiente. Além disso, a preservação de mata nativa, o Rio Santa Maria e Ibicuí, diversas árvores frutíferas e muitas espécies de árvores, fazem da Vila Lindoca um importante ponto para os animais, principalmente as aves”, declarou Cassiana, aproveitando para agradecer à família Vasconcellos pela oportunidade de realizar o trabalho. Quem tiver interesse em “passarinhar” pelo local, pode entrar em contato com a bióloga pelo (55) 9.9974.4920.

Saiba mais

Observar aves é uma prática de origem do século 18, na Inglaterra. Atualmente, o Brasil possui vários adeptos e eles têm muito a registrar: cerca de 20% das aves do mundo vivem no território brasileiro, o equivalente a 1.919 espécies. Só no município de São Paulo, por exemplo, são pelo menos 450 espécies.

A atividade não serve apenas para fins científicos, a convivência com a natureza é comprovadamente benéfica para a saúde e para o bem-estar. Conforme pesquisadores da universidade inglesa Exeter, pessoas que vivem em bairros arborizados e com mais aves por perto são menos propensas a desenvolverem depressão, crise de ansiedade e estresse.

E os observadores de aves estão aumentando seu grupo. Nos Estados Unidos são mais de 40 milhões de praticantes. Eles e seus parceiros de catalogação compartilham fotos, vídeos e áudios em diversas plataformas desenvolvidas para incentivar a atividade e também guardar esses dados. Exemplos que podem ser citados são o eBird e o Taxeus, usado pelos biólogos Cassiana Aguiar e Arthur Santana.

Reportagem: Caroline Motta / Gazeta de Rosário
Fotos:
  Arthur Santana e Cassiana Aguiar / Vila Lindoca

 

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