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Chamarra “Dois Ofícios” vence a 37ª Gauderiada da Canção Gaúcha

Neste final de semana a Praia das Areias Brancas foi palco para a 37ª Gauderiada da Canção Gaúcha e para a 30ª Gauderiada Mirim. Mesmo com a chuva durante o domingo (24), o público esteve presente e se abrigou como pôde para prestigiar as 14 músicas finalistas na fase adulta e as nove músicas concorrentes nas categorias pré-mirim, mirim e juvenil. A chamarra “Dois Ofícios” foi a grande vencedora da noite. O Troféu Música Mais Popular foi para a vaneira “Lidando com o Rebanho”, letra e música de Fábio Prates com interpretação do rosariense Fernando Saccol. Já o troféu revelação foi para o rosariense Lucas Sobreira.

André Teixeira é natural de São Gabriel

1º Lugar – “Dois Ofícios”

Representando os municípios de São Gabriel e Santana do Livramento, a chamarra “Dois Ofícios” foi a grande vencedora da noite. Além de receber o Troféu Romeu Domingos Andreazza, também foi premiada como melhor conjunto instrumental. A letra é de Anomar Danúbio Vieira com música e interpretação de André Teixeira.

Em entrevista à Gazeta, Teixeira conta que se sente honrado, pois tem um vínculo muito forte com o evento. “O festival tem uma grande importância, fora o 37 anos ininterruptos, mas pela grandeza em si. De maneira especial pra mim é muito importante porque eu cantei desde guri na gauderiada”, conta o intérprete.

Dois Ofícios descreve a rotina de domadores e de tropeiros. “O Danubio fez uma homenagem a esses caras que levam o nosso estado pra frente. Ele descreve o universo rural através dessas duas profissões. Além de passar essa mensagem, ele teve a preocupação de transmitir essa essência com uma linguagem objetiva, direta de fácil acesso ao público”, finaliza Teixeira.

Raineri Sphor interpretou a chacarera “Corda Bendita”

2º Lugar – “Corda Bendita”

Em segundo lugar, representando Alegrete e Dom Pedrito, a chacarera “Corda Bendita” recebeu o Troféu Dr. João Alves Osório. A letra é de Maximiliano Alves de Moraes, música de Cícero Fontoura e intepretação de Raineri Sphor.

O festival também fez parte da infância de Sphor. Em entrevista à Gazeta ele contou que participou da 2º Gauderiada Mirim. “A Gauderiada foi o início pra mim, era o principal festival e o mais próximo da minha cidade. Ela é minha madrinha de festival”, relatou o intérprete.

3º Lugar – “A Faca do Piá”

A chimarrita “A Faca do Piá” foi a terceira colocada da noite e levou o Troféu Luis Pinto de Oliveira Neto. A letra é de Flávio Saldanha, a música de Cleber Soares e interpretação de Vinícios Brum. “Entre todas as inscritas, ficar

Vinicius Brum interpretou a chimarrita “A Faca do Piá”

entre as quatorze [músicas] e ainda ser selecionada entre as três é importante. Mostra que o trabalho teve reconhecimento”, disse Brum. Ele contou à Gazeta que já foi premiado em segundo lugar na 17ª edição do festival com os mesmo autores deste ano.

“O mais importante de tudo é essa garra que a comunidade demonstrou em fazer a gauderiada, mesmo com todas as dificuldades”, acrescentou o intérprete.

Música Mais Popular – Lidando com o Rebanho

Representando Rosário do Sul, a vaneira Lidando com o Rebanho levou o prêmio de Música Mais Popular, com letra e música de Fábio Prates e interpretação do rosariense Fernando Saccol. “O troféu de música mais popular, sem dúvidas, é tão importante quanto o de primeiro lugar, pois expressa o gosto do publico com o nosso trabalho, e isso é o nosso combustível para seguirmos cantando”, disse Saccol.

O músico salienta que foi gratificante ver a Praia lotada e sentir que a comunidade apoia o evento. “Acredito que esse seja o caminho para que nossa cultura não morra: abrir ao publico, proporcionando esse ‘consumo’ musical regional num ambiente prazeroso, como foi na nossa praia. Pode-se dizer que nosso festival evoluiu muito, sem perder sua essência”, finaliza.

Troféu Revelação

Outro rosariense premiado durante o festival foi Lucas Sobreira. Ele interpretou a toada milonga “Em Lumes da Primavera”, de letra e música de Sérgio Pereira.

Ele à Gazeta que não participava do festival desde 2012 e ter voltado esse ano foi muito gratificante. “Voltar e voltar justamente no palco da Gauderiada que foi o primeiro festival que cantei na vida, o qual cresci como intérprete, aprendi muito e fiz muitos amigos é muito, muito especial”, disse intérprete.

Sobre os diferenciais da Gauderiada deste ano Sobreira avalia positivamente. “Sabemos que o pessoal que ama o nosso festival, a tradição e a música vai estar presente como esteve. Achei que presenciamos uma estrutura muito boa na praia, e espero que siga sendo assim daqui pra frente”, enfatiza.

Reportagem: Larissa Hummel / Gazeta de Rosário
Fotos: Renato Moraes / Gazeta de Rosário

1° Lugar
Dois Ofícios
Letra: Anomar Danúbio Vieira
Música: André Teixeira
Intérprete: André Teixeira

2° Lugar
Corda Bendita
Letra: Maximiliano Alves de Moraes alegrete
Música: Cícero Fontoura – dom pedrito
Intérprete: Raineri SphorDom pedrito

3° Lugar
A Faca do Piá
Letra: Flávio Saldanha
Música: Cleber Soares
Intérprete: Vinícius Brum

Música Mais Popular
Lidando com o Rebanho
Letra e Música: Fábio Prates
Intérprete: Fernando Saccol

Melhor Intérprete 
Alex Har
na música “Caborteira”

Melhor instrumentista
Marcelinho Carvalho
na música “Corda Bendita”

Melhor Conjunto Vocal
Querenças
Letra: Carlos Omar Vilella Gomes
Música: Beto Roquete
Intérprete: Robledo Martins

Melhor Conjunto Instrumental
Dois Ofícios
Dois Ofícios
Letra: Anomar Danúbio Vieira
Música: André Teixeira
Intérprete: André Teixeira

Melhor Tema Campeiro 
Corda Bendita
Letra: Maximiliano Alves de Moraes
Música: Cícero Fontoura
Intérprete: Raineri Sphor

Melhor Melodia
Letra e Música: Sergio Pereira
Intérprete: Lucas Sobreira

Troféu Revelação
Lucas Sobreira

DOIS OFÍCIOS

Tropa encordoada… ponta, culatra e fiador,

Sombreiro grande, poncho emalado nos tentos,

Pala de seda pra esses dias mormacentos

De pouco vento e “abatumados” de calor.

 

Gado, potrada e algum capão pra consumo

Andam no rumo que o destino me apontou,

Que o Patrão velho me proteja e me conserve

E o resto eu leve, como meu pai já levou!

 

Alma estirada, quais as tropas vida a fora,

Gastando esporas, cruzando de um lado a outro,

Cumprindo sempre o que foi dito e ajustado,

Bocal sovado de costear queixo de potro.

 

Eu sou tropeiro e domador com muito orgulho,

Sendo barulho, sou silêncio ao mesmo tempo

Foi nas estradas que forjei meus dois ofícios,

Meus compromissos, valor e temperamento.

 

Ser um tropeiro é algo mais que profissão

É uma missão, legado e conhecimento,

Ser domador é devoção e sentimento

Atado ao tento que arrocina o redomão.

 

Fiz das lonjuras, minha morada, “paradouro”,

Pra matadouro, pra outros pagos, levo tropa

E enquanto isso…  sigo fazendo cavalos

Pois educá-los é a obrigação que me toca.

 

Me deem licença que outra tropa me precisa

A mesma brisa, o mesmo sol, mas outro rumo,

Que estendo a lida, tenteando a sorte aporreada,

Gado, potrada e algum capão pra consumo…!

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