Uma mobilização de moradores de quatro bairros atendidos pelo Estratégia Saúde da Família 3 (ESF 3) foi realizada ao final da tarde de quarta-feira (27), em Rosário do Sul. O objetivo foi a viabilidade da permanência do médico uruguaio Nicolás Sánchez Caraballo no atendimento do posto.
Sánchez faz parte do programa Mais Médicos, do Governo Federal. O contrato dele se encerra em fevereiro de 2020, o que faria com que o médico deixasse de atuar no ESF 3, da Vila Nova, que atende também o Parque Ibicuí, Primavera e Areias Brancas. Por isso, moradores dos bairros atendidos estão se mobilizando pela permanência do profissional uruguaio. Um abaixo-assinado com mais de mil assinaturas foi feito e seria entregue à prefeita municipal Zilase Rossignollo (PTB).
O desfecho da situação passa pela criação do programa Médicos pelo Brasil, aprovada na última quarta-feira (27), no Senado – após extinção do programa Mais Médicos. Enquanto o projeto de lei aguarda sanção presidencial, há a possibilidade da Prefeitura Municipal de Rosário do Sul abrir um processo seletivo de contrato emergencial por períodos de quatro a seis meses, podendo ser renovado.
Conforme o representante da Secretaria Municipal de Saúde, Jair Rocha Oliveira, a Administração Pública já iniciou essas tratativas. “A gestão vai fazer o possível para que o Dr. Nicolás continue conosco, pois é um excelente profissional e a comunidade tem vínculo”, relatou. O possível edital de contrato emergencial seria feito de forma universal, de modo que outros profissionais poderão inscrever-se, explicou Oliveira.
Durante a reunião com o poder público, os moradores dos bairros atendidos por Nicolás ressaltaram a forma humanizada do serviço do médico e do vínculo que a comunidade possui com ele. Sánchez é clinico geral e possui pós-graduação em Medicina de Família. Ele também havia feito o exame do Revalida e aguarda, agora, para conquistar seu registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), a fim de poder atuar em qualquer área no país, que adotou. “A ideia minha, da minha família e da comunidade é tentar ficar aqui trabalhando. Recebi um apoio bem grande da comunidade e foi bem bom, fico emocionado com essa participação”, disse.
O fim do ciclo do Mais Médicos não atingiu somente Nicolás. Em Rosário do Sul, a médica Ana Laura, também uruguaia, que atende no bairro Progresso, passa pela mesma situação. Segundo Oliveira, o custo com dois médicos sairia em torno de R$ 500 mil por ano aos cofres do município.
A reportagem da Gazeta acompanhou toda a reunião e também realizou a transmissão ao vivo que pode ser visualizada abaixo. Os vereadores Maria Eugênia Dutra (PDT), Jair Mendes (MDB) e Gilson Alves (PDT) também estiveram presentes na manifestação.
SAIBA MAIS – Lançado em 2013, o Mais Médicos tinha o objetivo de ampliar a oferta de serviços médicos em locais afastados ou com população vulnerável. No entanto, foi extinto após declarações do presidente Jair Bolsonaro (Aliança Pelo Brasil), que questionava a preparação dos especialistas cubanos participantes. O posicionamento de Bolsonaro fez com que o governo de Cuba anunciasse, em novembro de 2018, que não faria mais parte do Mais Médicos.
Reportagem e fotos: Julio Lemos / Gazeta de Rosário