Você Está
Início > Colunistas > DE DENTRO DO TATAME: Espírito Esportivo

DE DENTRO DO TATAME: Espírito Esportivo

O velho paralelo entre saber ganhar e saber perder permeia o esporte desde seus primórdios da existência e isso é o que faz do mero praticante um esportista de verdade. Vejo que apesar de existirem certos “atletas” que fazem tudo o que for preciso para obter uma vitória, esses, hoje, por sorte, são uma (com o perdão da redundância) pequena minoria. Na arte marcial isso é trabalhado desde os primeiros passos do praticante, pelo verdadeiro (diga-se de passagem, que existem, claro, os falsos, e já falamos deles, inclusive) mestre, ensinando que o real objetivo de se estar praticando esse tipo de esporte é a prática e não a competição ou a vitória à qualquer custo, na mesma. Claro que seria de uma hipocrisia tremenda da minha parte dizer que não é bom obter vitórias no esporte, já que treinamos sempre por causa de resultados positivos e não negativos, mas a questão não é o resultado, mas sim o que acontece quando obtemos este.

A vitória é doce (sempre?)

“Para alguém ganhar, outro tem de perder”. É uma grande verdade na arte marcial, onde a disputa é de forma individual, e o objetivo quando se luta, em uma competição, é derrotar o adversário. Mas o verdadeiro desportista vê em sua vitória mais que isso. Não se derrota, ali, em cima de um tatame, um adversário, simplesmente. Derrota-se a si mesmo, na grande maioria das vezes e então não há o porquê de desrespeitar seu adversário, comemorando de forma exacerbada ou então dirigindo-se a ele de forma irônica. Em certas artes marciais (no judô, por exemplo) as comemorações são até bastante discretas e o cumprimento ao adversário após o embate é muito mais visível do que qualquer ato de comemoração. Isso mostra, além do respeito, esse espírito esportivo e o “fair play” que muito se fala nos tempos atuais. E o saber ganhar é infinitamente mais importante que saber perder.

O amargo da derrota (sempre?)

“O verdadeiro artista marcial nunca perde. Ou ele ganha, ou ele aprende!” E isso é a mais pura verdade, também. Quando entramos no tatame para uma luta nosso objetivo é bastante claro. Aplicar tudo aquilo que aprendemos e, se tudo funcionar da forma correta, venceremos. Mas (como tudo na vida tem um mas) do outro lado há um adversário, com o mesmo objetivo. Vencer. Um dos dois sairá dali derrotado. Cabe ao que não venceu saber que esse resultado foi um aprendizado e que, mesmo com todo o esforço desprendido, não aplicou o que aprendeu da forma mais correta que seu adversário. E o principal: aceitar a derrota. Já vi muitas vezes “atletas” colocando a culpa de sua derrota em diversos fatores, menos atribuindo a si próprios esse resultado. Perdemos? Não é o fim do mundo e devemos aceitar que isso servirá, de verdade, para nosso aprendizado. Da mesma forma que cumprimentamos nosso adversário na vitória, devemos aceitar seu cumprimento na derrota. Derrotas, assim como vitórias, não são pra sempre. Na realidade uma derrota serve como alerta de que devemos treinar mais ainda. E saber perder é importante para nosso crescimento como atleta e como pessoa.

Uma verdade conveniente

Quem pratica a arte marcial sem objetivo esportivo sabe que a competição é algo secundário e o principal está no aprendizado. Não há, portanto, uma frustração com uma derrota ou um deslumbramento com a vitória. E se isso for trabalhado também no meio esportivo (independente do esporte), o espírito esportivo se insere automaticamente no meio. E, novamente, quem pratica a arte marcial, de verdade, leva isso De Dentro do Tatame para a vida. Um bom sábado a todos.

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Top