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DE DENTRO DO TATAME: Esporte infantil e a profissionalização precoce

A prática do esporte, nos dias atuais, tem ocupado um espaço de destaque na vida das pessoas, especialmente das crianças, devido à grande (e benéfica) divulgação de eventos esportivos de todas as modalidades a cada dia com mais frequência pelos meios de comunicação, aumentando o conhecimento e a vontade da prática. Isso faz com que se inicie a praticar esportes (em geral, não só falando em artes marciais) cada vez mais cedo. Isso, sabendo-se “dosar” a cobrança e o divertimento quando da prática esportiva, é muito válido, tendo em vista que faz com que se acostume a praticar exercícios físicos com uma frequência ideal para obtenção de uma boa qualidade de vida, quando alcançar a idade adulta e a velhice. Só que essa prática precoce também traz malefícios, se não forem tomados alguns certos cuidados.

Influência dos adultos

Prêmios, medalhas, competições, treinamentos, vitórias e derrotas são termos muito comuns na vida de quem pratica esporte de rendimento. Mas quando se aplica às crianças (principalmente aos menores de 10 anos) deve-se ter um cuidado para que esses termos deixem de se tornar objetivos para o sucesso esportivo e passe a ser visto como objetivos exclusivos da prática esportiva. Normalmente (ou quase sempre, para ser mais “radical”) o que leva crianças às competições é a ação de algum adulto. Pais, professores, treinadores, técnicos, todos, sem exceção, têm uma “parcela de culpa”, quando uma criança decide, “por vontade própria”, como é dito na maioria das vezes, competir.

Competição não é regra geral

Fazer com que crianças, desde cedo, pensem em ser campeões ou craques de alguma modalidade, não necessariamente as tornará algo assim. A prática esportiva infantil deve ser primeiramente educacional, deixando para segundo (senão terceiro) plano a tentativa de vitória. A motivação competitiva precoce faz com que a criança deixe de lado o mecanismo de auto regulação, e com isso, ir além do que sua constituição física, ainda não totalmente madura aguenta, causando lesões que, não raramente, fazem com que as mesmas passem a não mais querer praticar nenhum tipo de atividade física. Além da parte física, também acontecem frequentemente abalos emocionais, muitas vezes por não se trabalhar o paralelo “vitória/derrota”, o que também faz com que essas crianças desistam, por medo de perder, de errar ou por insegurança.

Um boa iniciativa

Em algumas modalidades esportivas existe o chamado “festival”, que é uma forma de introduzir as crianças (normalmente dos 4 a 10 anos) à competição. Nesse “festival”, crianças da mesma faixa etária competem entre si, de forma demonstrativa, sendo premiadas de forma igual (normalmente não há a distinção de 1º, 2º e 3º lugares e todos recebem “medalhas de ouro”) mas dentro das regras gerais da modalidade, fazendo com que elas sejam acostumadas gradualmente, sem nenhum tipo de cobrança de resultados. Isso faz com que elas entendam, de forma mais “lúdica” o que é o ganhar e o perder. Ainda não é o ideal, mas é uma forma bastante interessante de prática, para os pequenos.

O esporte educacional

No Judô existe este formato, que é bastante aplicado e divulgado pela Liga Riograndense de Judô. É uma forma de motivarmos nas crianças o espírito competitivo, sem que haja essa cobrança precoce.  E elas ficam muito felizes quando saem com suas “medalhas de ouro”… De Dentro do Tatame. Uma boa quarta-feira a todos.

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