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DE DENTRO DO TATAME: Valorizando o Esforço

Há alguns anos atrás eu tive uma experiência que me marcou bastante e fez com que eu repensasse a toda a questão competitiva existente na arte marcial. Quando ouvi de um certo professor que não aceitava aluno seu perder e que uma “simples medalha de prata”, para ele, não tinha valor algum, senti que a exigência na obtenção de um único resultado é algo que traz muito mais malefícios do que benefícios. Exigimos (no meu caso exigia, hoje não exijo mais) que os atletas conquistem o primeiro lugar no pódio, e deixamos de valorizar o esforço desprendido por este para alcançar tal conquista. Nem de longe sabemos o quanto um atleta que chega em uma final e por uma fatalidade, um descuido ou um instante, perde e mesmo assim, conquista a medalha de prata. Já ouvi, uma dúzia de vezes, que a medalha de prata é mais insignificante, pois mesmo depois de uma derrota, somos “premiados” com ela. Talvez por isso, muitos “professores” e “esportistas” não aceitem como uma conquista.

Rótulos

Já ouvi rotularem, inclusive, que a medalha de prata nada mais é que um prêmio de consolação que se dá ao “primeiro lugar entre os perdedores”. Já tive uma grande dificuldade em colocar aos meus alunos que eles deveriam valorizar a medalha de prata, tanto quando a de ouro, pois o esforço que se fez para chegar até a disputa destas duas, quase sempre, é o mesmo. Hoje, a maioria dos que estão comigo e já tem “algum tempo de casa” entende que eu não nunca exigi, não exijo e não exigirei que eles sempre estejam no lugar mais alto do pódio. Raramente exijo participação em competições. Meus alunos participam por vontade própria, e a partir daí só exijo deles que se esforcem e valorizam cada resultado obtido por eles, sendo bom ou ruim.

Reconhecer

Além disso, o próprio professor deve saber que alguns atletas/alunos tem uma facilidade grande em questões competitivas (esses são raríssimas exceções) que a grande maioria e deve reconhecer também o esforço daqueles atletas que se dedicam, se empenham, e mesmo assim, muitas vezes por “culpa” do próprio professor/treinador, não obtêm o resultado esperado por ele. E, não raramente, a exigência demasiada faz com que o rendimento destes alunos/atletas seja ainda menor, pois todo o esforço (que talvez tenha sido o máximo que ele poderia dar de si) não foi sequer reconhecido e o mesmo acaba desanimando.

Auto Avaliação

Cabe também ao aluno/atleta saber aceitar que mesmo que com todo seu esforço, o resultado que ele obteve não foi o esperado. E isso não quer dizer que ele foi um mal aluno ou um atleta ruim. Vários fatores contribuem, além do Esforço Individual, para uma vitória ou derrota. Há uns dias atrás recebi uma mensagem de um ex-aluno (e me alegra imensamente quando meus ex-alunos lembram de mim e mesmo depois de tanto tempo não esqueceram de algo que eu falei) me dizendo que hoje, algo que eu disse a ele há alguns anos, fez total sentido para ele, que compete em Alto Nível e nem sempre, apesar de todo o esforço e treinamento, ele conquista o lugar mais alto do pódio.

Reflexão

Dedique-se… …não se cobre em demasia… …não aceite a derrota, mas evite se entristecer quando ela acontecer… …e se mantenha firme, apesar de tudo, se esforçando, pois tudo isso será reconhecido… …De Dentro do Tatame! Um bom sábado a todos!

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