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Dia das Mães: um amor fortalecido pelo autismo

“Se ele for um adulto feliz e realizado com a condição dele, acredito que vou ter alcançado meu objetivo”, assim Andressa Couto resume sua maior missão em vida: ser mãe de uma criança diagnosticada com autismo.

Aos dois anos de idade, Ramiro apresentava comportamentos que não condiziam com sua faixa etária na escolinha em que frequentava e os pais foram acionados. “Na verdade, era um alerta, sinal vermelho mostrando que algo não estava bem”, explica Andressa.

Atualmente, Ramiro tem cinco anos de idade (Foto: Arquivo pessoal)

Com o coração cheio de fé e esperança, buscaram ajuda e, seis meses depois, receberam o diagnóstico: Ramiro tem transtorno leve do espectro autista. A mãe conta que mesmo tendo se preparado psicologicamente para este momento, não foi fácil enfrentar a verdade. “O que mais doía era pensar como seria a infância dele. Nem todos estão preparados para lidar com o diferente”, explica.

A partir deste dia, Andressa definiu seu projeto de vida: ser forte pelo filho. Ela sabia que os desafios poderiam ser maiores com o diagnóstico. “Naquele momento foi como se o meu coração se enchesse de coragem. Não seria um papel com um diagnóstico que iria dizer o que o meu filho iria ou não fazer”, determinou.

O primeiro passo foi buscar profissionais que auxiliassem Ramiro, assim como aos pais. Além disso, Andressa contou com o apoio incondicional da família, onde teve acolhimento em todos os desafios enfrentados pelo pequeno. Outro ponto de apoio foi o Grupo Conversa Amiga, criado para reunir mães de crianças autistas, possibilitando a troca de experiências, vivências e desafios. Neste ponto, as coisas foram ficando um pouco mais fáceis, pois Andressa descobriu e pode se identificar com tantas outras mães que passavam pelas mesmas situações e, novamente, se viu fortalecida.

Atualmente, Ramiro está com cinco anos. Para a orgulhosa mãe, as pequenas conquistas diárias mostram que estão no caminho certo. Ela garante que o autismo não foi o fim, mas o início de tudo. “Não quero romantizar, teve dias cruéis, mas quando as conquistas aconteciam era melhor que ganhar na Mega Sena”.

“Cada vez mais vamos ter pessoas com condições diferentes dentro da nossa sociedade”

Estima-se que existam 2 milhões de pessoas com autismo no Brasil. No mundo, são 70 milhões. Um estudo divulgado pela instituição americana CDC (Center of Deseases Control and Prevention) aponta que uma criança a cada 100 nasce com o Transtorno do Espectro Autista.

Mesmo assim, a criança diagnosticada autista ainda enfrenta muito preconceito. Para a mãe de Ramiro, essa resistência para a aceitação do diferente precisa ser combatida. “Precisamos abrir os braços para receber essas pessoas, precisamos dar voz e vez a elas”, defende Andressa.

Andressa e Ramiro participam do Grupo Conversa Amiga (Foto: Arquivo pessoal)

Determinada a combater todo o preconceito, Andressa fala abertamente sobre o autismo do filho, afinal, espera conscientizar o maior número de pessoas sobre o que é esta condição. Ela deseja que todas as mães encontrem forças para batalhar pelos seus filhos quando receberem uma notícia como a que teve ainda no início da vida de Ramiro. “Lutem! Coloquem suas capas de Mulher-Maravilha e mesmo que voltem em pedaços para casa, saibam que o amor mais puro do mundo está ali, nos olhos ou nos braços dos nossos filhos”.

Fortalecida com o amor que recebe do filho, Andressa sabe que está no caminho certo e, acreditando que um dia ele também leia esta reportagem, afirma: “você me tornou alguém muito melhor, te amo ao infinito e além”.

Autismo

No DSM-5 (Manual de Saúde Mental) o Autismo agora é considerado um espectro, pois abrange diferentes níveis de funcionamento e transtornos, tais como: Autismo Clássico, Síndrome de Asperger, Autismo Atípico, Autismo de Alto Nível Funcional, Perturbação Semântica-Pragmática e ASD (Perturbação do Espectro do Autismo), fundindo-se em um único diagnóstico chamado de TEA (Transtornos do Espectro Autista). Em 2008, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 2 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

Grupo Conversa Amiga

O grupo surgiu em 2017 para ampliar o conhecimento sobre o transtorno do espectro autista à população. Formado por familiares e amigos de crianças diagnosticadas com o espectro, o Conversa Amiga promove ações mensais, como conversas abertas ao público e palestras em escolas. Tem o objetivo de oferecer apoio aos pais e família de autistas, disseminando conhecimento e principalmente a troca de informações.

Reportagem: Dyuli Soares / Gazeta de Rosário

Fotos: Arquivo pessoal

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