“Já fui francês do século XVIII para falar da Revolução Francesa, militar para falar do Governo Militar no Brasil, faraó para falar sobre o Egito (…)” a frase do professor de História e Sociologia Rafael da Rosa, resume a didática usada por ele em sala de aula. Alunos, equipe diretiva e demais professores do Instituto Ruy Ramos já se acostumaram a dividir as salas de aula e corredores com ícones da História. Ao avaliar a interação entre aluno e conteúdo, Rosa – que mescla a didática com o lúdico, resolveu criar uma gincana que instigasse o interesse dos alunos por um dos períodos que marcou o Brasil: a Era Vargas.
Aos 41 anos, o professor que leciona História para o 8º e 9º ano do Ensino Fundamental da instituição, desde 2009, conta que sempre que pode trabalha com projetos pedagógicos. Para ele existe uma compreensão e associação maior do conteúdo desenvolvido em sala quando unido às práticas do dia a dia.
A Era Vargas, ensinada durante o 9º ano do Ensino Fundamental, é o período no qual Getúlio Vargas governou o país por 15 anos interruptos (1930 a 1945). A época é considerada um marco na história brasileira em função das inúmeras mudanças que o ex-presidente fez, tanto de cunho econômico quanto social.
Ao definir a gincana, o professor explica que pensou em uma brincadeira que pudesse envolver todos os alunos. Foi, então, dada a largada: Rosa apresentou a proposta aos alunos, dividiu a turma em três equipes, gravou um CD com todas as instruções das nove tarefas que teriam que ser cumpridas de dois até nove de junho e apresentou as tarefas.
Com as seis equipes estabelecidas e nomeadas, conforme as revoltas oligárquicas que antecederam a Era Vargas, os integrantes da Vacina, Chibata, Operários, Cangaço, Canudos e Contestado estavam prontos para a disputa e para o conhecimento. Rosa afirma que as equipes participaram ativamente de todas as atividades. Para ele, a tarefa mais significativa foi a de ouvir idosos sobre a época. O professor conta que os alunos foram até o Lar dos Idosos na busca de depoimentos e ficaram impressionados com os relatos.
Como as atividades envolvem outros espaços da escola, os outros alunos acabam se envolvendo. O desfile realizado na manhã de sexta-feira (09), por exemplo, reuniu cerca de 60 alunos caracterizados.
Além da Gincana Era Vargas, Rosa está sempre em busca metodologias que “garantam a viagem dos alunos aos períodos da história”. Para o professor, “mais do que uma atividade pedagógica, foi um aprendizado enriquecedor para todos”, conclui.
Tarefas a serem cumpridas
- Desenhar uma caricatura de Getúlio Vargas;
- Se apresentar como Carmem Miranda (Símbolo da política de Boa Vizinhança instituída por Vargas);
- Ir até o monumento de Vargas, localizado na Praça Borges de Medeiros, ler a Carta Testamento impressa na pedra, fazer uma foto do grupo com o monumento e postar no Facebook com uma frase da carta que tenha chamado atenção. O horário para a publicação da imagem seria determinado pelo professor;
- Entrevistar alguém com mais de 80 anos sobre o período Vargas. A tarefa só estaria concluída quando a foto com o entrevistado fosse anexada em um dos murais da escola “Ouvindo História de quem viveu a História”;
- Se vestir como as pessoas na década de 1950, usar inclusive o vocabulário da época;
- Flash Mob – manifestação de dança relâmpago na hora do recreio homenageando os trabalhadores com cartazes em que se lia “O Trabalhador tem valor”;
- Homenagem aos trabalhadores que incluía um paralelo entre as leis de 1934 e a Reforma da Previdência proposta atualmente;
- Elaborar paródia sobre o período do Nacionalismo e do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) instituído por Vargas para controlar as mídias da época;
- Última tarefa: Desfile Parada da Mocidade – foi no governo Vargas que surgiu o Desfile das Escolas no dia 07 de setembro. Cada equipe devia se caracterizar, mobilizar participantes, e realizar um desfile nas ruas do Bairro Presidente Vargas, que fica em frente à escola.