Você Está
Início > Opinião > Editorial > É mais que futebol

É mais que futebol

Futebol é muito mais que um jogo. Os diversos eventos que envolvem essa prática desportiva provam isso. Para além das quatro linhas, essa modalidade gera uma série de reações, positivas e negativas, que se tornam parte importante de uma sociedade. Em menos de duas semanas, dois fatos se sobressaíram nesse sentido. A tragédia com o avião da Chapecoense, que vitimou um time inteiro e os profissionais de imprensa que os acompanhavam. E mais recentemente o título que o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense conquistou sobre o Clube Atlético Mineiro pela Copa do Brasil.

Longe de fazer comparações com o desastre sem precedentes que acometeu os atletas da Chape, ambos os fatos afloraram sentimentos, mobilizaram multidões e denotaram aquilo que o futebol tem em sua essência: a capacidade de unir – apesar de também conseguir desagregar. No caso do acidente, a comoção pela dor, a identificação com as vítimas e seus familiares, o compadecimento e a solidariedade. Na conquista tricolor, o abraço no desconhecido que divide com a pessoa ao lado a mesma paixão, a cumplicidade entre uma multidão que torce pelo mesmo resultado, a proximidade entre setores da comunidade que talvez nunca cruzassem caminhos em outras situações.

Essa é a beleza do chamado esporte bretão, seu potencial transformador, seja para os espectadores, seja para os protagonistas. Tal influência pode não ser das mais relevantes da vida, mas o que é a existência senão esses pequenos momentos de êxtase, ou então de reflexão? Quem estava na Arena do Grêmio na histórica quarta-feira, 07 de dezembro, e também quem acompanhava de longe, pode ter uma amostra desses dois sentimentos.

Como não poderia deixar de ser, a partida foi aberta com uma bela homenagem à Chapecoense e os jornalistas envolvidos na fatalidade (?) aérea. Um minuto de silêncio foi respeitado como nunca em jogos no Brasil. Uma das maiores e mais atuantes torcidas do futebol calou-se em respeito aos que se foram. Lágrimas rolaram, o toque militar soou e a emoção tomou conta. Antes e depois, gremistas unidos não entoavam o nome de seu time, mas o da equipe catarinense, eterna campeã nos corações de todo o mundo.

Já o jogo, foi um sonho para aqueles que aguardavam ansiosos, por 15 anos, por um título de expressão. Mais de 55 mil pessoas lotaram o belo estádio no Humaitá e cantaram até não terem mais voz, do mais jovem torcedor ao mais velho. Fora das arquibancadas e cadeiras, outras milhares de pessoas assistiam a partida pela televisão, em telões ou escutavam no rádio, fazendo a mesma festa, dividindo a mesma apreensão. No fim, uma mistura linda de alegrias, o grito coletivo contido de “é campeão”.

É muito mais que futebol. É um retrato da vida e do comportamento em sociedade.

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Top