Na última sexta-feira (27), o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS) publicou nota oficial informando que o Estado pagaria os valores em atraso de 285 hospitais do Rio Grande do Sul. “Após infindáveis negociações, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul obteve, finalmente, junto à Secretaria Estadual de Saúde, o compromisso de que 85% dos hospitais gaúchos terão imediatamente suas dívidas integralmente quitadas”, diz o texto. Dentre as instituições de saúde citadas está o Hospital de Caridade Nossa Senhora Auxiliadora (HCNSA), de Rosário do Sul.

Outra informação passada pelo SIMERS é que, segundo a gestão estadual da saúde, dezenas de hospitais, justamente os maiores, não serão contemplados nestes pagamentos e permanecerão ainda com grandes valores a receber. Mas a Secretaria afirma que as instituições terão, em breve, suas dívidas quitadas.

Os recursos deverão ser usados para pagar médicos e funcionários. O SIMERS argumenta ainda que a reposição salarial oferecida a esses profissionais foi de 5%, não alcançando os 9,91% da inflação integral, sob alegação de dificuldades financeiras. “Exigimos do Estado que cumpra (o que até agora não o fez) a obrigação legal de destinar 12% da receita à saúde, e dos hospitais que honrem seus compromissos e tratem seus servidores com dignidade e respeito”, conclui a nota assinada pelo presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes.

Secretaria da Saúde liberou R$ 66 milhões

Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, o governo do RS está quitando dívidas de hospitais filantrópicos que prestam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, informou na sexta-feira (27) que estão sendo pagos R$ 66 milhões. Somados aos R$ 148 milhões que foram repassados na semana anterior, o total de recursos chegaria a R$ 214 milhões.

Gabbardo destacou que, nos últimos dias, fez contato com a direção de mais de 200 hospitais, quando recebeu um relato da situação de cada um. “Ouvi as dificuldades de todos e constatei que, em função da crise, muitas entidades melhoraram suas administrações e qualificaram a gestão”, disse o secretário. Nesses contatos, o secretário também teria solicitado a todos que priorizem o pagamento dos funcionários e médicos.

Segundo o secretário, os outros hospitais que não foram incluídos nos pagamentos de hoje estão sendo chamados pela pasta e nos próximos 30 dias receberão uma proposta para a quitação dos débitos.

Quase R$ 380 mil são destinados a pagar funcionários e serviços médicos

Em entrevista à Gazeta, o gestor do Hospital de Rosário, Jorge Valdemar de Souza informou que a instituição recebeu o valor de R$ 379.095,20, referentes a dois meses em atraso. Ele informa que ainda faltam os repasses do mês de maio, que totalizam cerca de R$ 194 mil.

Souza explicou que o hospital priorizou o pagamento dos serviços médicos da Unidade de Tratamento Intensiva (UTI), os serviços médicos e diagnóstico de imagem, laboratório e demais terceiros, totalizando neste grupo o valor de R$ 181.101,86. O hospital também pagou no dia 1º, 50% da folha de funcionários de janeiro 2017, além de quitar outros valores relacionados à folha de pagamento devida ao Sindicato dos Funcionários e Associação dos Funcionários. Num total, esse grupo recebendo R$ 196.919, somando desta forma o valor final pago pelo hospital de R$378.020,86.

O gestor contou que relatou ao secretário Gabbardo que os salários de dezembro de 2016 foram pagos no dia 18 de janeiro de 2017, com recursos da MAC (Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar) e Incentivos. Já o de outubro de 2016 foi quitado no dia anterior, 17 de janeiro. E para o 13º salário foi feito empréstimo junto ao banco Banrisul, que será quitado em 24 vezes. “Ainda temos o valor dos incentivos estaduais de maio de 2016 pendentes, mas sem dúvida o pagamento realizado pelo Governo do Estado através da Secretaria de Saúde Estadual trouxe a oportunidade de atualizarmos parcialmente os débitos do hospital”, declarou Souza. Conforme ele, o pagamento dos 50% restantes da folha dos funcionários está vinculado ao pagamento da MAC de janeiro de 2017.