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DE DENTRO DO TATAME: A atual força feminina na Arte Marcial

Já falei algumas vezes aqui na coluna sobre a participação das mulheres no mundo da Arte Marcial. E toda vez que eu escrevo sobre isso, o salto gigantesco que eu percebo é algo realmente impressionante. A cada dia que passa mais e mais mulheres estão entrando em um mundo que há alguns anos era estritamente masculino.

Já tem um tempo que as mulheres mostram sua força nos tatames, campeonatos e treinos, e sempre vejo com satisfação essa presença cada vez maior. Treinando forte, alunas dedicadas se tornam lutadoras competitivas e com muita técnica na “nossa” arte suave. A garra com que lutam e a vontade de aprender novas técnicas inspiram. Além disso, o ambiente de treino com a presença de mulheres normalmente fica mais leve, e o pessoal “se policia” mais em relação ao que é feito e falado no local.

Um nicho de mercado

Sabendo dessa grande presença feminina dentro da Arte Marcial, até o mercado se adequa. Hoje temos vários “equipamentos” exclusivamente desenhados e criados para as praticantes de modalidades de luta. São kimonos, rashguards (lycras de compressão), luvas, protetores bucais, dentre outros, com cores (na velha ideia de que “menino veste azul e menina veste rosa”) e cortes diferenciados, desenhos mais femininos e temas variados. E tudo isso faz ainda mais que as mulheres se sintam à vontade em praticar uma Arte Marcial, seja ela qual for. Elas acabam sentindo-se representadas, vendo uma colega de treino usando um kimono ou luva com um tema feminino ou na cor que mais lhes agradam, fugindo do padrão (por exemplo, do kimono de Jiu-jitsu, que é azul, preto ou branco) “masculino” que ainda tem maior representatividade na Arte Marcial.

Lutadoras “delicadas”

A visão de que, devido à maior “fragilidade” ou “delicadeza” da figura feminina, elas “pegam mais leve” nos treinos é fantasiosa. Quem já deu aula ou treinou com uma mulher sabe que elas são muitas vezes (a maioria das vezes) mais dedicadas e duras que muitos colegas do sexo masculino. Vejo nelas, muitas vezes, a vontade de ganhar mais latente do que em muitos lutadores. A suavidade delas não abranda sua força e vontade de lutar para ganhar. Além do mais, essa ideia que a Arte Marcial tira a feminilidade das mulheres acho completamente equivocada. Nos tatames, sempre arranjam um tempinho para “ajeitar o cabelo”, dar “uma geral nas unhas”. Mas quando escutam a palavra “combate”, ali estão “as ninjas”, mirando um soco, um chute, uma finalização, uma queda, etc. Então temos, como professores e praticantes, sempre que incentivar e ajudar a todas as mulheres que pisam nos tatames em busca de treinos. Vamos equalizar nossas forças com as delas, soltar o treino, treinar com elas e muitas vezes como elas. Isso não é nenhum demérito. E ajuda na evolução de ambos.

Empatia

Infelizmente, já presenciei lutador ficar alterado por ser derrotado por uma lutadora. Acredito que dentro das Artes Marciais, ninguém goste de ser derrotado, seja por um lutador ou por uma lutadora. Mas a partir desse ponto, ser grosseiro com (principalmente) uma lutadora é indesculpável. Vamos sempre incentivar essas guerreiras. Que elas possam ocupar o espaço que lhes é de direito… De dentro do tatame.

Por Adilson Leite

Servidor Público Estadual

Faixa Preta de Judô e Faixa Azul de Jiu-Jitsu

Responsável técnico da Equipe GareJi Dojô e coordenador do Projeto Resgate

garejidojo@gmail.com

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