Um grupo de pessoas contra a cassação do vereador Jair Mendes (MDB) lotou o Plenário da Câmara de Vereadores de Rosário do Sul na noite desta segunda-feira (6). Com cartazes com frases de apoio ao parlamentar, o grupo acompanhou a Sessão Legislativa na Casa.
A organizadora do protesto, Iria Lopes, contou à Gazeta que sempre acompanhou os trabalhos da Câmara de Vereadores. Segundo ela, há cerca de seis meses começou a dar mais atenção ao vereador Mendes, por concordar com a ideologia do parlamentar. Com a instauração da Comissão Parlamentar Processante (CPP) que analisa suposto uso indevido de diárias do vereador, eles se reuniram para manifestar apoio a ele.
“Nosso principal objetivo é que não aconteça a cassação. A gente quer que os vereadores votem contra. Ele [Mendes] faz o que a gente gostaria que fizessem lá dentro. É um absurdo a cassação do Jair, eles deveriam estar falando das estradas, das ruas e estão preocupados com um cara que foi lá ajudar crianças”, declara a Iria, afirmando que o grupo pretende continuar acompanhando as Sessões Legislativas. Durante o grande expediente, o grupo também buscou se manifestar, porém não foi possível em razão do Regimento Interno da Casa.
Em contato com a Gazeta, o vereador Mendes disse se sentir lisonjeado e surpreso com a manifestação. “Eu não tinha nem ideia do que o pessoal estava fazendo ali e fiquei surpreso quando vi os cartazes de apoio. Claro que isso vem a comprovar que o serviço que a gente está fazendo está correto. Nos dá força para seguir o nosso trabalho”, disse o vereador.
Vereador Mendes se nega a assinar ata de reunião com Comissão
Durante o grande expediente, o vereador Jair Mendes (MDB) relatou estar se sentindo prejudicado com o andamento dos trabalhos da CPP. O assunto foi pauta de reunião na manhã de segunda-feira (6), conforme Mendes relatou à Gazeta. Participaram os vereadores membros da Comissão, Catarina Vasconcellos (PPS), Márcio Valles (PTB) e Álvaro Gonçalves (PRB), além do advogado de Mendes.
Na ocasião, teria ficado acordado como seria o andamento dos trabalhos e quando seriam realizadas as oitivas. No entanto, Mendes afirma que na ata da reunião constam tratativas diferentes do que foi abordado. “É uma ata totalmente contrária ao que tínhamos feito, inclusive com doutrina, jurisprudência”, disse o vereador, que optou por não assinar o documento, dizendo ainda que uma terceira pessoa estaria envolvida no processo.
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Segundo Mendes, na ata constavam determinações que são peculiares da Comissão e que não estavam no documento redigido durante a reunião e que seria posteriormente digitalizado. “São coisas que fogem da normalidade. Estão tentando dar um rumo para a Comissão, o que não é correto. Cabe à Comissão analisar [o processo], é quem tem essa prerrogativa”, concluiu.
Já a vereadora Catarina, afirma que a nova redação foi elaborada pelo assessor jurídico da Casa. “Fiz uma ata manual, bem sucinta, para registrar no livro de atas da Comissão, e a assessoria técnica da Câmara complementou com termos jurídicos. Ocorreu que ele [Mendes] não quis assinar, por isso fizemos uma nova ata para constar no processo”, explicou a vereadora.
Entenda o caso
Durante a sessão legislativa de 8 de abril, uma CPP foi instaurada na Câmara de Vereadores de Rosário do Sul para investigar suposto uso indevido de diárias por parte do vereador Mendes. A denúncia aponta que o parlamentar afirmou em suas redes sociais que havia convertido o valor recebido em diárias no ano de 2018, em merendas escolares para as escolas municipais Oliveiro Thaddeo e Agrícola da Divisa.
Segundo a denúncia, o vereador cometeu infração político-administrativa e crime de desvio de verbas, além de ofender a Lei Orgânica Municipal. O pedido de abertura de CPP foi encaminhado por um cidadão e acolhido por dez votos a três entre os parlamentares.
Durante a sessão, Mendes afirmou que a denúncia apresentada não diz a verdade, que suas diárias foram devidamente comprovadas e não houve desvio de verbas ou prejuízo ao erário público.
Foto: Larissa Hummel / Gazeta de Rosário
