Uma abordagem policial da Brigada Militar, em Rosário do Sul, na manhã de quinta-feira (15) a um suspeito de furto acabou na prisão de outra pessoa, por desacato e desobediência. O senhor, de 62 anos, teria interferido na ação dos PMs, alegando que os mesmos usavam de força excessiva para prender um homem que teria furtado um som automotivo. Já os policiais afirmam que o idoso teria proferido injúria contra eles, e por isso foi preso com o uso moderado da força. A BM e a Polícia Civil instauraram inquéritos para investigar o caso.

O homem de 38 anos, suspeito de furtar o aparelho de som, teria sido visto em atitude suspeita no centro da cidade, na Rua Bento Martins, por volta das 10h. Abordado pelos policiais, ele teria resistido e por isso os servidores estariam fazendo uso moderado de força para contê-lo. Neste momento o segundo homem – que não tinha relação com o fato, interferiu e teria desacatado os PMs. Ele também foi preso e ambos foram apresentados na Delegacia de Polícia.

O idoso acusado de desacato registrou boletim de ocorrência contra a atuação da BM, afirmando que foi algemado e agredido pelos policiais. O comandante do 3º Esquadrão de Polícia Montada, capitão Magno Siqueira, informou que será instaurado inquérito para apurar a atuação dos policiais envolvidos. “Se houver indícios de autoria e materialidade, eles serão indiciados para a justiça militar”, disse ele em entrevista à Gazeta de Rosário, afirmando também que testemunhas serão ouvidas.

O senhor foi encaminhado para auto exame de corpo de delito (AECD) na sexta-feira (16). Enquanto o idoso era preso, o suspeito do furto teria fugido, mas foi recapturado logo em seguida. Com o homem, que já possui antecedentes por crimes semelhantes, foi encontrado um rádio automotivo sem procedência. A Gazeta não teve acesso às ocorrências registradas na Polícia Civil.

Repercussão do caso

O caso repercutiu nos municípios da região e foi noticiado pela RBS TV de Santa Maria nessa segunda-feira (19). Segundo reportagem veiculada no Jornal do Almoço, o idoso passava pelo local da abordagem quando viu os policiais torturando o suspeito de furto, e por isso interferiu. Ele teria pedido aos servidores que parassem de bater no homem, quando os PMs reagiram contra ele.

“Tipo de tortura como cacetadas nas pernas, e choque que ele pulava pra cima. E eu argumentei com eles que não fizessem aquilo. Por que em vez de torturá-lo, que o algemassem e levassem, se ele tinha cometido algum ilícito. E eles gritaram comigo, dizendo que eu saísse dali e não interferisse, ‘vagabundo’, com essas palavras”, relatou o homem à reportagem.

No momento em que o senhor teria se negado a deixar o local, afirmando que “a rua é pública”, os policiais teriam largado o suspeito de furto e partido pra cima dele. Ele afirma que antes de ser algemado, foi agredido. “Me jogaram no chão tipo um bicho revoltoso, me gravatearam que eu tenho até agora lesões no pescoço. Essa noite não consegui dormir com dores no peito”, relatou.

À RBS TV, o capitão Siqueira reafirmou o que havia falado à Gazeta. “Segundo a informação dos policiais, teria ocorrido o desacato e a desobediência por esse cidadão”, disse. A Polícia Civil investiga agora se houve desacato por parte do senhor ou abuso da força por parte dos policiais.