Ser um líder não é fácil, exige responsabilidade, comprometimento, organização, além de vários outros requisitos. Alguns se destacam por apresentarem essas características desde cedo e acabam sendo eleitos para exercer o papel de líderes de turma. No entanto, as atribuições vão além de auxiliar os professores e ser o representante da turma, há também o encargo de resolver conflitos entre os colegas. Com o objetivo de capacitar esses adolescentes líderes, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul está realizando o Programa Mediar – Galera do Bem. Em Rosário do Sul, o primeiro educandário a receber essa formação foi a escola Plácido de Castro, com os alunos do primeiro ano.
Na última quarta-feira (10) o Comissário de Polícia Moyses Lopes Prates esteve na escola reunido com os líderes das turmas do primeiro ano do ensino médio e com professoras. Os padrinhos do projeto no município são o delegado Fábio Miguez e as inspetoras Rosangela Santana e Natiele Batistela, que também estiveram na formação.
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O conteúdo da capacitação teve embasamento filosófico, para não ofender o princípio religioso de nenhum dos alunos participantes, explicou Prates. Foi apresentado o conceito de líder, de educadores, de escola e de polícia. Também foi abordado o conceito de conflito, de violência e crime. Os alunos puderam entender que quando um conflito não é tratado corretamente, pode evoluir para uma situação de violência, seja física ou verbal, e se configurar em algum ato previsto no Código Penal Brasileiro, como injúria, discriminação racial, etc.
Após a parte teórica, os alunos participaram de uma dinâmica: duas pessoas simulavam um conflito e uma terceira pessoa seria o mediador, a qual auxiliaria os demais a se entenderem. Prates explica que a técnica se baseia no princípio “só sei que nada sei”, do filósofo Sócrates. “Ou seja, ele tinha consciência da sua falta de conhecimento e é da onde temos que partir para lidarmos com o nosso próximo, sem preconceito, sem ideias pré-formadas. A partir daí estabelecer um diálogo indagando a outra parte sobre o que aconteceu e quais soluções aponta”, explicou o policial. Os alunos receberam certificado de mediadores.
Para a estudante de 15 anos da turma 109 do primeiro ano, Aryane Esteves Ferreira, a capacitação foi muito importante. “Aprendemos a lidar mais com as pessoas, com os problemas. Foi muito útil pra todos os líderes que estavam ali presentes”, disse à reportagem da Gazeta.
“Acho que vai render muitos frutos, a gurizada está bastante interessada. A gente quer, em especial, firmar os vínculos com a delegacia local para atingir a ideia de polícia comunitária, onde a comunidade se enxerga no seu representante na lei e tem confiança admiração e respeito”, destacou Prates.
Os alunos do primeiro ano foram os primeiros a receber a capacitação em Rosário do Sul, mas para se estender a outras turmas depende do engajamento voluntário dos alunos, da escola e da disponibilidade dos policiais.
Sobre o programa
O projeto teve início em Capão da Canoa e foi criado por Prates junto à delegada Sabrina Deffente, coordenadora estadual do Programa Mediar da Polícia Civil. Ao visitarem as escolas do município, perceberam que não seria possível capacitar o vasto público realizando medição nas escolas, além disso, nem todos poderiam querer. “Concluímos, então, que nesse universo tinha um sujeito apto a isso, que assume responsabilidades desde pequeno, que se interessa pelo bem estar da turma, que auxilia as professoras na distribuição das tarefas e ainda tem a legitimidade de ser eleito pela turma, o líder de turma”, explicou Prates. “Observamos que esse capital humano nunca recebeu nenhuma formação para o desempenho de suas funções e resolvemos capacitá-lo com as técnicas de mediação, além é claro, dos educadores”, completou.
O programa foi bem aceito e passou a ter convênio com a Secretaria Estadual de Educação por meio do Programa Cipave (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar). Além disso, a Secretaria Estadual de Segurança implantou o Programa Media e a Galera do Bem como programa de prevenção à violência incluindo, no programa RS Seguro, do governo do estado. Dezoito municípios foram elencados para terem aplicados o programa.
Foto destaque: Divulgação
