A depredação, tanto de patrimônio público como privado, é uma atitude que tem sido constatada frequentemente em Rosário do Sul. Dezenas de moradores e empresários relatam situações que vão desde a destruição de suas propriedades até o furto de enfeites e plantas em canteiros ou calçadas da cidade. Um dos episódios mais recentes foi sofrido pela loja Samira Boutique, que teve vasos danificados e plantas furtadas de sua fachada recém reformada.

O empresário Mohamad Houdali publicou o fato nas redes sociais no sábado (18), e o post no Facebook ganhou grande repercussão, com mais de 120 comentários e cerca de 700 curtidas, além da visibilidade também no Instagram. “Reclamam da corrupção no país, reclamam dos políticos que não tem consideração pelo povo, reclamam dos atuais valores sociais que estão invertidos. (…) Aí você, como empreendedor, investe no seu negócio, busca um design diferenciado tanto pelo benefício próprio que isso traz, quanto pela valorização que um ambiente novo traz à cidade. No entanto, este mesmo estimado povo, o qual sempre tem um belíssimo discurso preparado anti corrupção, me faz essa sacanagem”, desabafou ele.

As pessoas que cometeram a depredação foram flagradas pelas câmeras de segurança da loja: duas mulheres, durante a madrugada de sábado (18), por volta da meia noite. As plantas denominadas “Espadas de São Jorge” haviam sido colocadas no local há menos de 15 dias. Segundo Mohamad, ele constatou o dano quando chegou para iniciar o expediente da loja, às 8h30 do mesmo dia. O estabelecimento fica da Rua Barão do Rio Branco, centro da cidade.

Tentativas frustradas de contribuir e embelezar a cidade

Essa foi a primeira vez que o empresário Mohamad passou por essa situação, porém ela não é incomum na cidade. Através de seu post, muitos outros cidadãos se manifestaram e relataram experiências próprias semelhantes. A dentista Kaline Antunes foi uma delas. Ela conta que já tentou plantar árvores e flores em frente ao seu consultório, que fica na Rua Andradas, mas aquilo que não foi furtado, foi danificado poucos dias depois.

“Nos primeiros dias, as mudas foram quebradas e as folhas arrancadas. Colocamos protetores de madeira ao redor. Mas mais uma vez, em alguns dias, houve a tentativa de arrancar as árvores por inteiro, que ainda eram pequenas. Como não conseguiram, foram quebrados todos os galhos e espalhados pela rua, obrigando que nós removêssemos as plantas do chão. Desistimos de plantá-las novamente”, lamenta ela. Segundo a dentista, ela situação já aconteceu mais de três vezes, incluindo também furtos e danos de flores e vasos colocados em frente ao consultório e protegidos por uma grade.

Kaline diz que chegaram a flagrar a depredação uma vez, mas o autor fugiu ao perceber que estava sendo observado.“Nossa motivação é tentar deixar Rosário mais florido, mais verde, mais enfeitado e delicado. A vida das pessoas já é tão corrida, porque não cuidar de um ambiente que favorece a todos? A intenção além de proporcionar um ambiente aconchegante para quem chega ao consultório é colaborar com a cidade. É notório a falta de civilidade e completa falta de respeito contra quem se propõe a cuidar, a disponibilizar seu tempo e ainda assim faz tentativas para melhorar um pouco o município e o bem-estar das pessoas”.

Susto na madrugada

As depredações vão além de pequenos furtos de enfeites e plantas. No bairro Swift, a situação causou apreensão nos moradores entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017. Por diversas vezes um grupo de pessoas passava pelo local causando destruição e arremessando pedras nas casas, por vezes acertando e quebrando vidraças.

Uma moradora da região que preferiu não se identificar, relata que tiveram que colocar alarme, câmeras de vigilância e fazer contato com a Brigada Militar para tentar inibir os ataques, que duraram cerca de duas semanas. Além disso, plantas também foram furtadas por duas vezes do jardim da casa.

“Muitas pessoas expressam, principalmente nas redes sociais, a importância de ser honesto, justo e a intolerância com a inveja, e suas ações não condizem com suas afirmações públicas. Mas esse pensamento pequeno de destruir, roubar e assustar não nos inibe, pois a vontade de manter em dia o lar, a rua e o bairro são maiores”, afirma ela, que é moradora do local há quatro anos.