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Renal Clínica comunica que cessará a prestação de serviços em Rosário do Sul

Dentro de 120 dias, a Renal Clínica poderá deixar de atender seus pacientes em Rosário do Sul após 24 anos de atuação. O comunicado foi emitido pela empresa no dia 2 de junho. O motivo da cessação da prestação de serviços de nefrologia e terapia renal substitutiva é a dificuldade financeira que a clínica enfrenta. Uma das alternativas para a continuação da prestação dos atendimentos seria o Hospital de Caridade Nossa Senhora Auxiliadora (HCNSA) assumir o serviço.

Atualmente, a Renal Clínica possui 45 usuários, sendo cerca de 80% deles atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com o fechamento, esses pacientes precisariam continuar o tratamento em municípios vizinhos. A realocação desses usuários ficaria sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde junto a 10ª Coordenadoria Regional de Saúde. Para os pacientes, descolar-se para cidades vizinhas para realizar o tratamento (alguns três vezes na semana) seria um agravante para a saúde deles, conforme explicou o médico nefrologista Fábio Campos, sócio proprietário da Renal Clínica. Além do tratamento de hemodiálise crônica, a clínica também atende a UTI do HCNSA, que ficaria desassistido.

Os repasses mensais do SUS não são o suficiente para garantir a manutenção das atividades e despesas do serviço. Essa situação já vem ocorrendo desde 2016, quando a clínica também cogitou finalizar a prestação do atendimento. Na época a solução encontrada foi a redução dos custos. Outro agravante é que desde 2018 não houve reajuste no valor da sessão da hemodiálise pago pelo Governo Federal. Além disso, a pandemia elevou o preço dos insumos, pois a maioria é exportada e cotados em dólar, conforme explicou Campos.

“Em 2016 a situação era grave, mas conseguimos nos manter nesse cinco anos mesmo sem a filantropia. Viemos contraindo dívidas para manter o serviço e esperando que houvesse reajustes significativos dos valores repassados pelo SUS”, salientou o médico.

Transferir o serviço para o hospital foi uma alternativa encontrada pela clínica, o que já vem sendo tratado desde novembro do ano passado. “Como empresa privada que somos, não conseguiríamos manter o serviço funcionando em Rosário do Sul. Então percebemos que o serviço, para ser viável, precisaria estar em uma entidade filantrópica, que, por não visar lucro, possui desconto em impostos. Pelo menos só na folha de pagamento possui uma redução de 40% dos custos”, explicou Campos. Segundo ele, um estudo sobre os custos foi apresentado ao hospital. Em janeiro deste ano a Casa de Saúde comunicou que não assumiria o serviço.

“Conforme os meses vão passando, o déficit da clínica vai aumentando e o receio é de inviabilizar o serviço a ponto de não ter como pagar funcionário, comprar insumos (…). Não vemos mais chance de andar sozinhos no sentido de empresa privada pelo custo cada vez maior”, relatou Campos. A Renal Clínica possui 18 funcionários.

A situação também foi levada ao conhecimento do prefeito municipal Vilmar Oliveira (PDT). Em reuniões articuladas pelo vereador Alisson Sampaio (PP), o prefeito esteve reunido duas vezes este ano com o médico Fabio Campos junto ao advogado e a contadora da clínica para apresentação a situação. Na última reunião, ocorrida em 30 de abril, o Poder Executivo se comprometeu em realizar uma reunião com as entidades mantenedoras do HCNSA para falar sobre a situação. A reunião está marcada para ocorrer na próxima quarta-feira (16) no Centro Empresarial. “Não queremos que feche, faremos de tudo para manter a Renal aqui. É uma discussão financeira vendo legalidade, mas o principal é em torno de 50 pessoas que dependem da hemodiálise e dessa clínica. Eu, como vereador, integrei a comissão que trouxe, há 24 anos atrás, a hemodiálise para Rosário do Sul. Eu sinceramente não quero de maneira alguma estar num governo que veja fechar a hemodiálise”, disse o prefeito Vilmar Oliveira.

A Gazeta de Rosário procurou o HCNSA para falar sobre o assunto. Segundo a entidade, no ano passado a Casa de Saúde optou por não assumir os riscos de um serviço deficitário e alegou que a clínica apresentou poucas informações e balancetes. “Em momento algum, o hospital manifestou desinteresse em manter o serviço, mas para isso era necessário que o município repassasse valores necessários, para manter o funcionamento. O hospital fez várias tratativas, envolvendo todos os entes públicos e privados (prefeito, vereadores, 10°Coordenadoria Regional de Saúde e inclusive a Renal Clínica)”, diz a resposta enviada pelo HCNSA.

Quanto à cessação do serviço também na UTI, o hospital está estudando novas alternativas para os atendimentos de urgência, segundo eles.

Reportagem: Larissa Hummel / Gazeta de Rosário
Foto: Julio Lemos / Gazeta de Rosário

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