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Servidores da Prefeitura de Rosário do Sul sob suspeita de desvio de dinheiro público

Um áudio compartilhado nas redes sociais causou polêmica em Rosário do Sul. Na gravação, pelo menos três homens conversam sobre irregularidades cometidas por servidores do Executivo. Uma das vozes é do vereador Ademir Melo (PTB), que afirma ter ingressado com denúncia sobre funcionários da Secretaria Municipal de Saúde, que estariam desviando recursos da pasta destinados ao transporte de pacientes. Um suposto uso indevido de valores da Secretaria Municipal de Desporto e Turismo (Sedetur) também é citado.

No áudio de quase 10 minutos, Melo conversa com outro homem sobre uma denúncia de irregularidades no setor de transporte da Secretaria Municipal de Saúde. Segundo ele, funcionários designados para fazer viagens não realizavam o trajeto. O valor da diária, no entanto, seria embolsado pelos mesmos. O vereador refere que informou a prefeita municipal Zilase Rossignollo Cunha (PTB). Segundo ele, o processo foi montado em conjunto com o vereador Leonardo Vargas “Nico” (PTB).

Já sobre a gravação, Melo garantiu, em entrevista à Gazeta, que ela foi feita sem seu consentimento ou conhecimento. “Eu não tenho responsabilidade nenhuma sobre áudio. (…) Isso é um crime, conversar com uma pessoa e fazer um áudio sem autorização”, destacou.

Também em contato com a Gazeta, a prefeitura manifestou, através de sua assessoria de imprensa, que a prefeita imediatamente afastou os servidores citados, dois motoristas e o chefe do setor de transporte, e que abriu sindicância para apuração dos fatos. “Em caso de constatação, as medidas cabíveis serão tomadas, inclusive se for apontada a responsabilidade os mesmos poderão ser exonerados de seus cargos. A comissão foi formada e está analisando todo o processo e as denúncias formalizadas pelo vereador Ademir Melo”, declararam.

O vereador Nico, por sua vez, informou que o processo teve início no dia 15 de fevereiro, quando a denúncia foi entregue à prefeita, mas que os desvios investigados e apresentados no documento teriam começado ainda em 2016. “Foi denunciado porque tem fatos. Os fatos serão apurados (…) eu não posso falar porque eu vou estar expondo situações que possivelmente podem ser concretas ou não”, declarou. Vargas ainda ressaltou que o afastamento dos funcionários acusados de desvio de verbas da Secretaria da Saúde tem o prazo de 60 dias e após esse período, a investigação deve ser concluída.

O nome de um terceiro vereador ainda é envolvido no assunto. Edmundo da Rosa (PSB) é apontado no áudio como sabedor da situação, mas que estaria acobertando os casos. Em contato com a Gazeta, ele nega seu envolvimento e afirma que um dos assessores que conversa com Melo no áudio, é Márcio Porciúncula, ex-secretário municipal da Assistência Social na gestão do prefeito Luís Henrique Antonello – cassado por improbidade administrativa, em processo que teve o vereador Rosa como um dos edis a favor do impeachment do gestor.

Conforme Rosa, o motorista citado como seu parceiro é um funcionário concursado com o qual o único vínculo é o de colega. Além do cargo de vereador, Rosa trabalha como funcionário público municipal há mais de 30 anos, atuando como motorista da Saúde. “Eu não tenho nada a ver. Ele não é CC (cargo comissionado) e não é FG (função gratificada), é um funcionário concursado. (…) Nunca tive nada na minha ficha e pode ter certeza que vou continuar não tendo. (…)”, declarou ele, em entrevista à Gazeta. O vereador afirmou também que já está procurando os recursos cabíveis para acionar juridicamente pessoas envolvidas na gravação e divulgação do áudio, que, segundo ele, tentam colocá-lo “junto com aqueles que estão afastados”.

Ademir Melo também comentou o fato do nome do vereador Rosa ter sido citado na gravação. Segundo ele, na denúncia, existem apenas dois motoristas e uma pessoa que era responsável pelos transportes na Saúde, e o nome de Edmundo não estaria envolvido.

Suposto uso irregular de verbas no Desporto e Turismo

Sobre o conteúdo divulgado nas redes sociais, que cita além da Secretaria de Saúde, um suposto uso irregular de verbas na Sedetur pela secretária municipal Janete Gonçalves, o vereador Ademir Melo disse à Gazeta que informou à prefeita Zilase sobre as desconfianças acerca deste assunto por parte de vereadores da oposição de governo.

Ele ressaltou, no entanto, que neste caso não foi feita denúncia. “Isso já está na mídia, quem quiser abrir (processo), abre. Nosso trabalho tem sido na Secretaria da Saúde”, concluiu.

Em relação às irregularidades na Sedetur, a assessoria de imprensa da Prefeitura informou que o município também está tomando as providências cabíveis, com abertura de procedimento administrativo. “Toda e qualquer denúncia que chegar será imediatamente analisada e as providências necessárias serão sempre tomadas. Este governo não compactua com coisas erradas e seja quem for que estiver envolvido e for responsabilizado sofrerá as sanções previstas em lei”, declarou a Administração Municipal.

Até a publicação dessa reportagem, a Gazeta não havia conseguido contato com a secretária, citada nos áudios. Segundo informações da assessoria de imprensa da Prefeitura, ela não foi exonerada do cargo, mas está de laudo médico há mais de 30 dias.

CPI – Na manhã de terça-feira (27), o presidente do Legislativo, vereador Elisandro Paz “Piruca”, comunicou que os vereadores de oposição solicitaram abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apuração do caso dos desvios na Secretaria Municipal de Saúde. Uma reunião com a mesa diretiva deve ser realizada na manhã desta quarta-feira (28) para definição sobre a abertura ou não do processo.

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