Na semana passada, integrantes do projeto Felinos do Pampa compartilharam em suas redes sociais registros de mamíferos que habitam a Serra do Caverá, visando a divulgação de parte da fauna silvestre da região de Rosário do Sul. O estudo identificou 19 espécies de animais, considerados de médio e grande porte.
A maior parte dos registros foi realizada através de armadilhas fotográficas, dispositivos que são instalados nas trilhas, fixados na base das árvores, que acionam automaticamente pela combinação de calor e movimento. As imagens ficam armazenadas nos equipamentos e são revisadas pelos pesquisadores a cada sessenta dias. Este estudo, além de proporcionar a divulgação da fauna tipicamente regional, faz parte das teses de doutorado dos pesquisadores Felipe Peters e Marina Favarini, sob orientação da Dra. Flávia Tirelli do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A pesquisa busca estimar a densidade (quantidade de indivíduos em uma determinada área) de duas espécies de felinos silvestres presentes na região: o gato-do-mato-grande e o gato-maracajá. Parte deste resultado será utilizado para embasar estudos encomendados pela iniciativa privada para suprir as necessidades legais envolvida em trâmites do licenciamento ambiental estadual.
O Felinos do Pampa possui vínculo com o Instituto para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais (Pró-Carnívoros) e integra a agenda do Geoffroy’s Cat Working Group, organização internacional que reúne diversos pesquisadores que atuam em estudos envolvendo felinos silvestres na América do Sul. O projeto é formado pelos pesquisadores Felipe Bortolotto Peters, Marina Ochoa Favarini, Flávia Pereira Tirelli, Suelen Segui e Ana Paula Albano, que desenvolvem práticas de conservação e pesquisa com ênfase nas espécies de felinos que habitam o bioma Pampa, como o gato-do-mato-grande, o gato-maracajá, o gato-mourisco e o gato palheiro. O gato-do-mato-pequeno, a jaguatirica e o puma, são visitantes ocasionais e normalmente encontrados junto à área de contato com a Mata Atlântica (região de Santa Maria). A onça-pintada é a única espécie de felinos silvestre que se encontra atualmente extinta no Pampa e na maior parte do RS, podendo ser encontrada apenas no Parque Estadual do Turvo, no bioma Mata Atlântica do norte do Estado.
As práticas protetivas às espécies visam a atenuação dos principais impactos ambientais que incidem sobre os integrantes da fauna regional, com destaque para a fragmentação de habitat, sobretudo devido ao avanço exponencial das lavouras de soja, a caça, os atropelamentos e as interações negativas com animais domésticos, o que pode resultar em transmissão de doenças, predação ou competição direta.
SAIBA MAIS
O projeto também realiza ações educacionais junto às comunidades rurais, com a proposição de aulas, palestras, oficinas e produção de mídias, visando instigar o convívio harmônico entre as pessoas e a fauna silvestre. O Felinos do Pampa também atua na mitigação de conflitos através da elaboração de projetos de galinheiros anti-predação; assessoria na instalação de mecanismos mitigadores de atropelamentos (placas, lombadas, passagens de fauna); campanhas de vacinação/castração de cães e gatos domésticos criados em vida livre em locais de importância ecológica e em consultorias técnicas voltadas ao setor privado, neste caso, com o objetivo de auxiliar no manejo correto dos recursos naturais de acordo com as práticas legais de licenciamento ambiental.
As pesquisas em andamento buscam levantar informações ecológicas que embasam estas ações. Entre as técnicas utilizadas, têm destaque a captura e o monitoramento de animais via telemetria GPS (atividade devidamente autorizada pelos órgãos ambientais), o uso de armadilhas fotográficas, a busca visual ativa, o monitoramento de rodovias e o estímulo à prática da cidadania.
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COLABORE: Viu, fotografou ou encontrou algum felino silvestre atropelado? Compartilhe o registro pelo whatsapp 51 99214 2717 ou pelo e-mail felinosdopampa@procarnivoros.org.br. Os registros serão averiguados, integrados à base de dados e depois utilizados nas ações de pesquisa e conservação.
Foto em destaque: Felinos do Pampa
