Os fãs de futebol, a cidade de Chapecó, em Santa Catarina, o Brasil e o mundo acordaram com uma notícia triste nesta terça-feira (29). O avião que levava o time da Chapecoense para Medellín, Colômbia, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional na próxima quarta-feira, caiu. Oitenta e uma pessoas estavam a bordo, 75 morreram. Esta é uma das maiores tragédias registrada na história do futebol mundial, com um dos mais altos números de vítimas fatais.
O avião caiu a 50 quilômetros da cidade colombiana por causa de uma falha elétrica. Os sobreviventes, a princípio, eram os jogadores Alan Ruschel, lateral esquerdo; Neto, zagueiro; Danilo, goleiro; e Jakson Follmann, goleiro; a aeromoça Ximena Suárez, o jornalista Rafael Henzel e o técnico da aeronave, Erwin Tumiri. O zagueiro Neto foi o último encontrado com vida, debaixo das fuzilagens do avião. O goleiro Danilo, no entanto, ídolo e herói do time, não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital.
Dos jogadores da Chapecoense, seis atuaram na dupla Grenal: Dener, lateral esquerdo; Matheus Biteco, volante; William Thiego, zagueiro; e o sobrevivente Follman, no Grêmio; o também sobrevivente Ruschel e o volante Josimar no Internacional. Além deles, faziam parte da comissão técnica e estavam no voo o treinador Caio Júnior e o preparador físico Anderson Paixão, filho de Paulo Paixão, bem como o ex-jogador Mario Sérgio, que atualmente era comentarista da Fox Sports.
Reflexos em Rosário do Sul
Uma das maiores tragédias do futebol mundial também tem reflexos e consternação em Rosário do Sul, tendo em vista que o Chapecoense tem na equipe Sub-20 dois atletas rosarienses: o meio-atacante Silvano Irigaray e o zagueiro Vitor Teixeira, ambos revelados na Associação Rosário de Esportes (ARE). Na manhã desta terça-feira, eles somavam-se às dezenas de familiares, jogadores e torcedores reunidos na Arena Condá.
Em contato com a Gazeta, Silvano se disse sem condições de manifestar-se sobre a tragédia no momento, visto a situação de grande tristeza enfrentada. Quando falou com a reportagem, estava nas dependências do clube.
Já o ex-presidente da ARE, hoje secretário e diretor de futebol, Lissandro Bentes Gomes, classificou a tragédia como “abalo grande”. “A gente que trabalha com futebol, ainda mais por ser com um clube tão próximo, com os guris na Sub-20 e também os profissionais que a gente conhecia. Muitos deles jogaram aqui no Estado. É uma profunda tristeza e uma consternação para todos do esporte e do mundo todo”.
“Profissionais do esporte acordaram transtornados com a notícia”
O rosariense Mauro Matos, fisioterapeuta do Sport Club Internacional, foi colega e atendeu vários dos envolvidos no acidente. Em entrevista à Gazeta, ele comentou sua relação com as vítimas e falou sobre o impacto da tragédia no meio futebolístico.
“Todos os profissionais que trabalham com o esporte, principalmente com o futebol acordaram transtornados hoje com a notícia”, disse Mauro, que era colega do também fisioterapeuta Rafael Gobbato, membro da Sociedade de Fisioterapia do Esporte. “Nós estivemos recentemente em Santa Maria, em uma mesa redonda juntos, falando sobre a pré-temporada no futebol e a atuação da fisioterapia. Era um cara muito legal, um profissional exemplar, jovem, com família e filho pequeno”.
O técnico Caio Júnior também tinha relação com o rosariense, tendo consultado com o mesmo um tempo atrás, quando ainda era atleta e realizou uma cirurgia no joelho. “Atualmente, quando a Chapecoense veio jogar no Beira-Rio, conversei com ele. Estava muito feliz pelo sucesso que ele estava adquirindo na Chapecoense, pelo apoio, pelos filhos que já estavam grandes e atuando no futebol. Era um cara muito simples”.
Mauro também falou sobre os jogadores Allan Rushel, que sobreviveu, e sobre Josimar, falecido. Ambos atuaram pelo Internacional. O rosariense descreveu Ruschel como “gente boa” e contou que Josimar foi o primeiro atleta que ele atendeu quando chegou ao colorado. “Um atleta de Pelotas, com dois filhos pequenos também. A gente que trabalha no futebol, que viaja muito, que pega esses voos, fica transtornado com o que aconteceu. E sabendo que são atletas jovens, pais de família, com um futuro pela frente, realmente fica todo mundo muito chocado”, concluiu ele.
Momento histórico da Chapecoense
A “Chape”, como é carinhosamente chamada por sua torcida, vivia um momento ímpar em sua história. O time conquistou o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro em 2013 e se mantém firme entre a elite do futebol no país. Além disso, classificou-se para a final da Copa Sul-Americana, que ia disputar contra a equipe colombiana Atlético Nacional, motivo pelo qual viajou para Medellín.
A conquista da vaga para a decisão do torneio continental foi um momento emocionante, após o empate com o San Lorenzo na Arena Condá, por 0 a 0, na noite de quarta-feira passada (23). Na ida, em Buenos Aires, o resultado havia sido 1 a 1.
A trajetória do time catarinense contribui para esse sentimento: há pouco tempo o clube era considerado “sem Série” no Brasileirão e quase disputou a divisão de acesso do Campeonato Estadual. Agora, a equipe de uma cidade de 200 mil habitantes estava disputando o título de uma das maiores competições do continente.
A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) suspendeu a partida de ida pela final da Sul-Americana, que estava marcada para amanhã, às 21h45. O Atlético Nacional, em atitude louvável, abriu mão do título que disputaria com a Chape e solicitou à Conmebol que declare o time campeão do torneio.
Conversa com o rosariense Mauro Matos, fisioterapeuta do Internacional que conhecia várias das vítimas.
COPA DO BRASIL e BRASILEIRÃO – A final da Copa do Brasil, que seria disputada nesta quarta-feira (30) entre Grêmio e Atlético Mineiro, na Arena tricolor em Porto Alegre, também foi suspensa em virtude da tragédia envolvendo a Chape. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) transferiu a partida para o dia 7 de dezembro. A última rodada do Campeonato Brasileira também foi adiada e remarcada para o dia 11 de dezembro.
Estavam no voo:
Atletas – Alan Ruschel, Ananias, Arthur Maia, Bruno Rangel, Juninho, Cléber Santana, Danilo, Dener, Filipe Machado, Jakson Follmann, Gil, Gimenez, Kempes, Lucas Gomes, Matheus Biteco, Neto, Sérgio Manoel, William Thiego, Tiaguinho, Josimar, Marcelo, Mateus Caramelo.
Comissão técnica – Caio Júnior, Eduardo de Castro Filho, Anderson Paixão, Anderson Roberto Martins, Marcio Bestene Koury, Rafael Gobbato, Luiz Cesar Martins Cunha, Luiz Felipe Grohs, Sergio Luis Ferreira de Jesus, Anderson Donizette Lucas, Adriano Wulff Bitencourt, Cleberson Fernando da Silva, Emerson Fabio di Domenico, Eduardo Luiz Preuss, Mario Luiz Stumpf, Sandro Luiz Pallaoro.
Dirigentes – Plínio de Nes Filho, Luciano Buligon, Gelson Luiz Merísio, Nilson Folle Junior, Decio Sebastião Burtet Filho, Jandir Bondignon, Gilberto Pace Thomas, Mauro Dal Bello, Edir Félix de Marco, Davií Barela Bavi, Ricardo Philippi Porto, Delfim Peixoto.
Jornalistas – Victorino Chermont, Rodrigo Santana Gonçalves, Deva Pascovitch, Licacio Pereira Junior, Paulo Júlio Clement, Mario Sérgio, Guilherme Marques, Ari de Araújo unior, Guilherme Laars, Giovane Klein Victória, Bruno Mauri da Silva, Djalma Araújo Neto, André Luis Goulart Podiacki, Laion Machado Espíndola, Rafael Henzel, Renan Carlos Agnolin, Fernando Schardong, Edson Luiz Ebeliny, Gelson Galiotto, Douglas Dorneles, Jacir Biavatti, Ivan Carlos Agnoletto.
Tripulação: Miguel Quiróga, Ovar Goytia, Sisy Arias, Romel Vacaflores, Ximena Suarez, Alex Quispe, Gustavo Encina, Erwin Tumiri, Angel Lugo.
