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Carnaval 2013: festa de blocos na rua ameaçada

Determinações restringem tradicionais reuniões de foliões em via pública e causam polêmica

 

Faltando menos de mês para o Carnaval 2013, o assunto em pauta não é a preparação das escolas de samba ou programação da festa mais conhecida do País. O que vem sendo discutido nos últimos dias é a questão da permanência de blocos e foliões nas ruas do Centro do município, prática realizada por anos.

O entorno da Praça Borges de Medeiros e a frente dos Clubes Comercial e Caixeiral costumam ser os locais que reúnem mais pessoas em Rosário do Sul nesta época. Contudo, problemas de segurança que já colocaram em risco a vida dos cidadãos que lá estão podem acabar – ou pelo menos restringir – a festa em via pública.

Os carnavalescos rosarienses estão preocupados sobre o que será decidido acerca do impasse, visto que, talvez, terão que recorrer a lugares fechados, como os clubes, que cobram ingresso ou associação, para fazer sua festa. Os integrantes de blocos alegam que isso irá destruir boa parte da popularidade do Carnaval, afastando, inclusive, turistas; e que os clubes não possuem capacidade para comportar todas as pessoas que ficam festejando nas ruas, além de cobrarem entradas muito caras.

 

Decisões do MP

 

O Ministério Público realizou, no dia 04 de janeiro, uma reunião visando à organização para o Carnaval 2013 em Rosário do Sul. O evento aconteceu na sede da Promotoria de Justiça de Rosário do Sul, com a promotora Fernanda Broll Carvalho, e contou com a presença de diversas autoridades e representantes envolvidos na festividade em questão. Na oportunidade, estabeleceram-se limites para o Carnaval de Rua dos blocos, visando à segurança e os moradores da região.

Assim, foi deliberado que eventos realizados pelos blocos configuram festas particulares, devendo ser realizados em locais fechados, de inteira responsabilidade dos organizadores do evento, necessitando a presença de segurança particular interna e externa ao local, realização de revista masculina e feminina e alvará do Corpo de Bombeiros. Portanto, após os desfiles das Escolas de Samba, que ocorrerá normalmente, em três noites, o município encerrará as atividades da noite, desligando o som.

Carros de som particulares também serão fiscalizados pela Brigada Militar, coibindo a contravenção de perturbação da tranquilidade, atitude motivada devido a diversas reclamações recebidas dos moradores da região acerca do volume das músicas durante a noite. Além disso, será realizada uma ação coordenada e conjunta para combater a venda e o consumo de bebidas alcoólicas aos jovens com idade inferior a 18 anos, focando a atuação prioritária para as medidas preventivas, sem negligenciar as repressivas.

 

A Liga dos Blocos

 

Por causa das determinações, os presidentes de blocos que costumam permanecer nas ruas com caminhões e caixas de som se reuniram para encontrar uma solução. Foi criada a Liga dos Blocos – da qual o vereador Leonardo Vargas (Nico), é o presidente – no intuito de defender os interesses desses foliões. “Não é só o carnaval de bloco que vai sair perdendo com isso, mas a comunidade em si e, principalmente, o município, por causa do turismo. Pessoas que vinham para cá fazer carnaval, vão sair para as praias”, alega Nico, em entrevista à Gazeta de Rosário.

A Liga dos Blocos está buscando uma alternativa junto ao Executivo Municipal, além do Poder Judiciário. “Estamos em uma democracia, não em uma ditadura. Nada mais correto que visar à segurança das pessoas, mas precisa haver uma contrapartida para aqueles que gostam de Carnaval”, reflete o presidente da Liga.

Em reunião realizada na terça-feira (15), foi debatida a possibilidade de que os blocos migrassem para outro clube, no bairro Monte, distante do local costumeiro da realização do Carnaval, mas esta hipótese já teria sido descartada. Surgiu também a sugestão de que fosse criado um espaço gradeado em um trecho da rua, com cobrança de ingresso, para solucionar o problema da segurança. Proposta essa que também não foi aceita.

Assim, na próxima segunda-feira (21), o presidente da Liga, Nico, informou que irá apresentar novo projeto para o prefeito municipal Antonello, com o objetivo de tentar contornar a situação. Em contato com a Gazeta de Rosário, a promotora Fernanda Broll Carvalho ressaltou que, agora, qualquer mudança ficaria a cargo do Executivo Municipal.

 

Opinião dos foliões

 

O bloco LPF é um dos que fazem sua festa na rua, visto que nem todos os seus integrantes possuem associação nos principais clubes da cidade. Em contato com a Gazeta de Rosário, a presidência do grupo se diz sentir prejudicados com as decisões tomadas, visto o preço alto para a entrada nos locais fechados, levando em conta que os blocos também precisa ser pago. “De todos, o nosso ainda foi o menos prejudicado, pois não nos proibiram de ficar na rua, mas não poderemos ter música ou instrumentos. Mesmo assim, nos sentimos de mãos atadas e sem opção”, declara o presidente Arian Fagundes.

 

Acatando determinações

 

Conforme contato com a Prefeitura Municipal, foi informado que a decisão de não haver Carnaval de blocos nas ruas seria do Ministério Público, termos estes decididos na reunião citada do dia 04 de janeiro, e o Executivo estaria apenas acatando tais determinações. A secretária do Turismo, Andreia Irion, ainda na reunião com a Promotoria, teria transmitido aos blocos a sugestão de alugar ou realizar parcerias com os clubes ou outros locais fechados, para que a festa seja realizada sem maiores problemas. No entanto, nada foi definido. Até o fechamento dessa edição, a Prefeitura pretendia cumprir todas as determinações feitas pelo MP.

Vereador e presidente da Liga dos Blocos, Nico, em entrevista à Gazeta. Foto Renato Moraes
Vereador e presidente da Liga dos Blocos, Nico, em entrevista à Gazeta. Foto Renato Moraes
Foliões costumam festejar em cima de caminhões que ficam estacionados na rua. Foto Renato Moraes
Foliões costumam festejar em cima de caminhões que ficam estacionados na rua. Foto Renato Moraes
Blocos buscam alternativa para festa na rua. Foto Renato Moraes
Blocos buscam alternativa para festa na rua. Foto Renato Moraes

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