No início desta semana, a Gazeta de Rosário recebeu a informação de que o Ministério da Educação e Cultura (MEC) teria definido a instalação de um campus do Instituto Federal Sul-Riograndense em Rosário do Sul. A cidade deve ser a 101ª unidade em todo o país.

O grupo de trabalho que está a frente da mobilização pelo IF no município já recebeu formulários para preencher os dados do município e encaminhar ao MEC.

Em entrevista ao jornal, a secretária municipal de Educação Jalusa Silveira e o professor Eliezer Oliveira fizeram um resumo da mobilização local e relataram os próximos passos para a implantação. As informações foram divulgadas ao vivo pela recém-lançada TVG, na terça-feira, 23. “Não sabíamos qual reitoria teria o campus, mas nesta semana tivemos a informação do telefonema do MEC ao reitor Flávio [do IF Sul]. Ficamos sabendo que Rosário irá pertencer ao IF Sul Riograndense, cuja reitoria fica em Pelotas”, revelou Jalusa.

A secretária ressaltou a mobilização da comunidade, a união de várias forças e dos poderes Executivo e Legislativo. Também destaca que agora entra a parte do trabalho técnico, com uma série de documentos para organizar e preencher as exigências do MEC. “Vamos ter novas audiências públicas para estruturar o campus e organizar eixos que vão definir cursos, um trabalho pesado e curto prazo até o final de maio para concluir”, disse.

Conforme Jalusa, na medida que os 101 municípios vão entregando os documentos, já poderão acessar os recursos para a construção do campus e efetivação. “O MEC também vai poder dar início ao processo de efetivação de cargos e pessoas que vão trabalhar”, explica.

A titular da SMEd também relatou em sua entrevista a Julio Lemos, na TVG, o histórico da mobilização.“Foi um processo coletivo e ficou evidente o poder mobilizador da educação. Em pouco tempo, se mudou o cenário… Meses atrás, jovens estavam sem expectativa para pensar no futuro com qualificação, formação do ensino técnico e hoje arrisco dizer conseguem sonhar com isso. A educação é transformadora. Rosário, daqui a pouquíssimo tempo, será uma cidade diferente”, comemorou.

Na entrevista, também foram informados os investimentos federais, que serão na ordem de R$ 25 milhões – R$ 15 mi para construção do prédio e R$ 10 mi em equipamentos. Além disso, vagas para professores e cargos administrativos, bem como 1.400 vagas para os alunos. “Ter o campus é a concretização de vários sonhos de jovens e pessoas que antes não tinham a possibilidade de um futuro melhor, que nunca imaginaram dar aos filhos, e que vai ser possível”, concluiu.

“Rosário escreve uma das mais belas páginas da sua história”, diz professor Eliezer

Na mesma terça-feira, 23, a TVG entrevistou o professor de Filosofia do IFSul de Santana do Livramento, Eliezer Oliveira. O rosariense foi um dos articuladores da mobilização pela instituição de ensino superior em Rosário do Sul. “Há 148 anos Rosário sonha com educação pública de qualidade e nunca teve um campus acadêmico. Hoje, estamos escrevendo uma das mais belas páginas da nossa história”, disse. 

Eliezer Pacheco trabalhou no Ministério da Educação e Cultura (MEC) nos dois primeiros mandatos de Lula (PT) e participou da concepção dos Institutos Federais. Segundo ele, a mobilização por Rosário começou antes mesmo da eleição presidencial de 2022, entre professores e estudantes.

“Rosário ficou conhecida em Brasília como a cidade que mais desejava o campus”, recordou o professor. Outra linha de ação foi técnica, junto ao IF Farroupilha e IF Sul, com visitas e presença de reitores no município. Outro ponto da mobilização ressaltado foi a música criada por André, do grupo Carqueja, e o IF Fusca. O vídeo teria sido visto pelo presidente Lula e por ministros. “Tudo isso que a gente vivou vai dar um livro, foi muita coisa”, acrescentou.

Eliezer Oliveira também falou sobre os cursos, lembrando que a definição não é via MEC, e sim pelo IF Sul e comunidade local, com reuniões e audiências públicas. “A ideia é que o aluno não saia daqui nem pra estudar, nem pra trabalhar. Que siga aqui, agregando seu conhecimento a Rosário e torne mais produtivo o trabalho, a atividade econômica”, disse.

“O Campus será um divisor de águas. Muitos não conseguem sair para estudar devido a suas condições. Agora, esse jovem desesperançado vai ter isso”, concluiu. Oliveira agradeceu o empenho de todos para a concretização e lembrou: “O filho que gestamos coletivamente recém está nascendo e o trabalho está apenas começando”.

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As duas entrevistas podem ser conferidas na íntegra na TVG, pelo canal da Gazeta de Rosário no YouTube ou nas redes sociais, em @gazetaderosario.

Foto destaque: Reprodução/TVG