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Ordem para incêndio de viatura veio de dentro do presídio

Ato foi retaliação de quadrilhas ligadas ao tráfico de drogas

 

Os últimos dias de 2012 foram de conclusão e êxito para a Polícia Civil de Rosário do Sul frente a um evento que teve grande impacto, tanto na comunidade, quanto nos agentes de segurança. O incêndio criminoso de uma viatura que se encontrava no estacionamento da Delegacia de Polícia do município, por volta das 21 horas do dia 22 de setembro deste mesmo ano, teve seus autores descobertos. Na tarde de 27 de dezembro, autoridades envolvidas na investigação concederam uma entrevista coletiva para apresentar a conclusão do inquérito sobre o caso.

Para obter sucesso na busca pelos criminosos, forças de segurança da região se uniram em um trabalho que durou mais de dois meses. Estiveram presentes na divulgação dos fatos o principal condutor da investigação, delegado Roger Tavares, de Quaraí; a delegada de Rosário do Sul na época, Luisa Santos Souza; a atual titular da DP Ana Luiza Tarouco; e o delegado da Regional de Santana do Livramento Eduardo Santana Finn.

Conforme a investigação, o ato foi uma represália para atingir a delegada Luisa Souza, que desencadeou uma forte ação contra o tráfico de drogas no município, resultando na prisão de cerca de 15 pessoas envolvidas. Dentre elas estava o chefe da quadrilha, que teria ordenado o atentado de dentro do Presídio Estadual de Rosário do Sul. O nome do suspeito ainda não pode ser divulgado para não atrapalhar o andamento do processo, mas sabe-se que ele utilizou de aparelhos celulares e conversas nas visitações para orquestrar o plano. O meliante, inclusive, já foi transferido para outra penitenciária, devido a uma tentativa de fuga.

Para um melhor esclarecimento dos fatos, foi solicitado pelo chefe de Policia Del. Ranolfo Vieira Junior, que fosse designado um delegado estranho a cidade, visto que a titular Luisa permaneceu trabalhando normalmente e era, de certa forma, vítima do caso. Assim, o delegado Roger Tavares assumiu o comando das investigações. Segundo ele, todos os envolvidos com o incêndio já estão presos, sendo quatro, com exceção de um menor. Os maiores foram indiciados por formação de quadrilha, o incêndio da viatura e corrupção de menores. Os delegados acreditam que, pela soma das penas, além das acusações de tráfico de drogas, eles permaneçam presos.

A delegada Luisa, que vivenciou de perto essa situação, disse que foi um período muito difícil, pois, embora sejam policiais, são pessoas com famílias em primeiro lugar, o que os deixou bastante apreensivos. “Mas tínhamos em mente que daquele ponto não podíamos retroceder. Bem pelo contrario, deveríamos ser mais fortes e contundentes quanto ao combate ao trafico de drogas”, declarou ela, ressaltando que aquilo só mostrou que o trabalho feito estava dando certo.

“A intenção era intimidar a polícia, mas aconteceu exatamente o contrário. Houve uma união de forças que aumentou exponencialmente o número de prisões pelo combate ao tráfico”, acrescentou o delegado Roger. Já a delegada Ana Luiza Tarouco, que não presenciou os fatos, mas acompanhou o trabalho das investigações, ressaltou a parceria firmada entre Poder Judiciário, Ministério Público e Polícia Civil. “A resposta que fica é que a Polícia Civil não se intimida com esse tipo de ato e estamos aqui para fazer valer a força da segurança”, enfatiza ela.

Para concluir, as autoridades ressaltaram que essa não é uma resposta apenas da polícia, mas um esclarecimento que a sociedade merece. “No momento que um bandido coloca fogo em uma viatura, no dia seguinte vai colocar uma bomba na delegacia, matar um policial ou outra pessoa”, analisou o delegado Eduardo. “Não podemos encarar isso apenas como a queima de um veículo, pois fere toda a sociedade. Devido a esse fato, atualmente a Polícia Civil não possui nenhuma viatura para trabalhar”, complementa o delegado Roger. A delegada Ana Luiza finalizou tranquilizando a comunidade de que a ideia é intensificar ainda mais esse combate ao tráfico de drogas no município.

 

Entenda o caso

Uma viatura da Polícia Civil foi incendiada no pátio da Delegacia de Rosário do Sul no dia 22 de setembro de 2012. O fato ocorreu no momento em que o plantonista deixou o local para seu horário de janta. O Corsa da polícia estava estacionado na garagem, junto com outros dois veículos, um deles de uso pessoal da delegada Luisa Santos Souza.

Supostamente, alguém teria entrado na garagem, que é aberta, e ateado fogo na viatura usando gasolina. Quando o plantonista retornou, o carro já estava em chamas e, sem sucesso, tentou conter o incêndio com um extintor.

Os bombeiros foram acionados e impediram que as chamas atingissem os outros dois veículos. Com o calor do fogo, a pintura da viatura que estava ao lado chegou a derreter e o Corsa ficou totalmente carbonizado.

Policiais de cidades vizinhas e de Porto Alegre foram a Rosário do Sul para auxiliar na investigação e tentar identificar os autores do crime. Servidores do Instituto Geral de Perícias (IGP) também estiveram na cidade para realizar perícia no veículo.

Delegados Eduardo Finn, Ana Luiza Tarouco, Luisa Santos Souza e Roger Tavares em entrevista coletiva. Foto Renato Moraes
Delegados Eduardo Finn, Ana Luiza Tarouco, Luisa Santos Souza e Roger Tavares em entrevista coletiva. Foto Renato Moraes
Viatura foi incendiada em setembro de 2012, no pátio da Delegacia. Foto Renato Moraes
Viatura foi incendiada em setembro de 2012, no pátio da Delegacia. Foto Renato Moraes
Veículo foi completamente consumido pelas chamas Foto Renato Moraes
Veículo foi completamente consumido pelas chamas
Foto Renato Moraes

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