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Pegadas de dinossauros descobertas em Rosário do Sul são as mais antigas da América Latina

Imagine um animal com peso entre sete e nove toneladas, nove metros de comprimento e dois de altura cruzando por Rosário do Sul. Hoje, essa situação seria impossível. Porém, no período Jurássico foi realidade e deixou marcas. Foi na busca dessas pegadas que o biólogo Heitor Francischini encontrou rastros de anquilossauros no Cerro Torneado – na localidade da Cruz de Pedra. A descoberta em Rosário do Sul configura a evidência mais antiga destes dinossauros na América do Sul.

Mestre em Geociência, Francischini explica que a visita a Rosário foi para examinar pegadas já existentes, mas, surpreendentemente, ele e a equipe se depararam com novas marcas. “Vimos que algumas destas pegadas eram de um animal ainda desconhecido para a região e para todo o Brasil”, conta.

Na Bolívia e na Argentina existem registros de anquilossauros – tanto ossos, quanto pegadas. Contudo, são bem mais recentes que os encontrados em Rosário do Sul.

O foco do trabalho do biólogo, que está com o doutorado em andamento, é sobre evidências não corporais de dinossauros e outros animais fósseis, ou seja, tudo aquilo que não for o resto do corpo do animal. Por exemplo, pegadas, coprólitos (fezes fósseis) e tocas.

Entenda o caso

As cidades de Rosário do Sul e Santana do Livramento estão assentadas sobre uma camada de rocha denominada Formação Guará. Essas rochas foram formadas no final do Período Jurássico, há cerca de 155 milhões de anos. Naquele período, a região era coberta por um deserto com dunas de areia e canais fluviais efêmeros. Todos os animais que passavam por ali deixavam pegadas e trilhas impressas na areia. Com o passar dos anos, a areia se tornou rocha (arenito), mas ainda é possível ver as pegadas.

Pegadas foram descobertas na região da Cruz de Pedra. Foto: Divulgação / Felipe Lima Pinheiro

Um dos primeiros trabalhos do doutorado de Francischini foi sobre o estudo das pegadas já conhecidas em Rosário e Livramento. As evidências são comparadas com as pegadas encontradas no interior do estado de São Paulo.

Após a descoberta, a equipe voltou ao local para coletar o material. Infelizmente, o biólogo afirma que por ter sido encontrado em uma estrada de chão, ele foi completamente destruído. “Não resta mais nada dessas pegadas, além das nossas fotos. Em outras regiões da cidade, pudemos coletar algumas”, conta.

As pegadas coletadas foram encaminhadas para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e para a Universidade Federal de Rio Grande (FURG). Lá elas foram disponibilizadas para o público, gratuitamente.

O profissional ainda alerta que “no Brasil, o conhecimento científico, raramente, escapa da esfera acadêmica e chega ao público”. Ele acredita que a comunidade rosariense precisa saber da importância do material encontrado para poder protegê-lo.

Reportagem: Natalia Apoitia / Gazeta de Rosário
Fotos: Divulgação / Felipe Lima Pinheiro

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