Na manhã desta sexta-feira (29) ocorreu um protesto no trevo de acesso à ponte Marechal José de Abreu e entrada de Rosário do Sul. Servidores públicos estaduais realizaram, por cerca de três horas, uma manifestação contra o pacote encaminhado pelo Governo do Estado à Assembleia Legislativa. O projeto de lei proposto pelo governador Eduardo Leite (PSDB) altera o plano de carreira do magistério.
Os manifestantes usaram pneus para bloquear a BR 290 e de quinze em quinze minutos, a rodovia era liberada para os motoristas seguirem viagem nos dois sentidos. A manifestação durou das 7h às 10h da manhã.
Um boneco representando o governador Leite foi pendurado em um mastro junto ao nome da cidade, ao centro do trevo. Cartazes e cantos de “Fora Leite” foram bradados pelos manifestantes, que distribuíram panfletos para os motoristas que aguardavam a liberação da rodovia. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuou no local, orientando os motoristas e o trânsito.
Leia mais notícias da editoria Política
O 23º Núcleo do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS), com sede em Santana do Livramento e abrangência em Quaraí e Rosário do Sul, esteve presente. A diretora geral do Núcleo, Adriana dos Santos, salientou que atividades de impacto estão sendo realizadas em todo o Estado. “Há cinco anos recebemos salários atrasados parcelados e a comunidade não percebe essa situação. Acham que a gente entrou em greve no momento errado”, relatou ela à reportagem da Gazeta.
A diretora geral ressalta ainda que todos os trabalhadores ganham anualmente, pelo menos, a reposição da inflação. “Nem isso nós tivemos em cinco anos. Chega ao final do ano, além de estarmos trabalhando sem a menor dignidade nas escolas, o Governo apresenta um projeto na Assembleia Legislativa que acaba com a carreira do Magistério”, afirmou. Conforme Adriana, na próxima semana ocorrerá uma caminhada luminosa em Rosário do Sul, assim como já ocorreu em Santana do Livramento.
Entenda o caso
O Governo do Estado pretende aprovar, ainda em 2019, o pacote que mexe com o plano de carreira e previdência dos servidores estaduais. Na quinta-feira (28), enquanto greves e protestos foram registrados em diversas cidades gaúchas, Eduardo Leite admitiu à jornalistas que aceita negociar algumas mudanças no que está sendo proposto. “Não se adia essa responsabilidade e vamos ao extremo para fazer acontecer este ano. Olhando com calma os números, se não é o sonho para a educação, de longe é pior do que está aí”, disse.
A presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers), Helenir Schürer, exemplifica com um comparativo por que o sindicato é contra a aprovação do pacote. “Hoje, se um professor só com o curso normal entrasse no estado, e no mesmo dia entrasse um professor com mestrado, a diferença salarial seria de 100%. O que o governo está propondo é que essa diferença caia para 7%. Esse desmonte do nosso plano de carreira fará que os professores não tenham interesse nenhum em se qualificar”, disse a presidente ao G1.
Segundo Leite, se o pacote não for aprovado, o estado não conseguirá reduzir o déficit nas contas públicas previsto para o próximo ano, que é de R$ 5,2 bilhões.
Reportagem e fotos: Julio Lemos / Gazeta de Rosário