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DE DENTRO DO TATAME: Conversa de pai para pais

Hoje é meio que uma “moda” que os pais coloquem os pequenos, muitas vezes antes até da idade correta, a praticar uma arte marcial ou até uma modalidade de luta de forma competitiva. Isso, por si só, não é de todo o mal, desde que esses pais recebam a correta orientação quanto ao “aproveitamento esportivo” desses pequenos quando desta prática marcial.

Sabemos que (e já foi inclusive publicado nesta coluna sobre isso) a prática de uma arte marcial é benéfica em vários casos e principalmente para os que iniciam cedo, perto dos 5 ou 6 anos de idade, desde que não haja uma exigência demasiada destes pequenos quando se fala em relação a competitividade. E muitas vezes essa exigência não vem diretamente deles ou do professor, mestre ou sensei, mas sim dos pais, que querem sempre ver seus “pequenos campeões” no lugar mais alto do pódio, sempre com uma medalha de ouro no pescoço. E, não raramente, estes pais não aceitam a opinião do professor, quando este orienta que o objetivo inicial da prática marcial não é, nem de longe, a competição. E isso deve ficar bastante claro desde os primeiros passos dos pequeninos dentro de qualquer arte marcial.

Nunca é demais reforçar

Parece repetitivo o assunto, mas vejo que a cada dia a especialização precoce vem acontecendo mais cedo, e é exigido muito mais destes pequenos “atletas”, que às vezes com 8 ou 9 anos, se esforçam demasiadamente, treinando 2 ou 3 vezes por semana, exclusivamente com o intuito de serem campeões do tatame. Em um primeiro momento, parece que é algo benéfico, que demonstra a dedicação do pequeno pela vontade de aprender e com isso vencer, mas não é bem assim. É comum ver entre esses “atletas” que o medo de errar é muito maior do que a vontade de acertar. E isso é bastante ruim, tanto para o desenvolvimento físico, quanto para o amadurecimento psicológico deste “jovem praticante”.

Um breve conselho…

Eu sempre digo, e os pais dos “meus” alunos já estão cansados de saber disso, que o objetivo principal da arte marcial infantil é o desenvolvimento do foco, da força mental, espiritual e moral, além de incentivar os laços familiares. É importante saber que durante a infância a criança está desenvolvendo sua identidade e sua estrutura socioafetiva, física e intelectual e que a parte principal é o estímulo positivo para que sejam adquiridos valores, aquisição de comportamentos sociais adequados, desenvolvimento saudável de diversas áreas do cérebro e aprimoramento de habilidades individuais. Se é exigido desse praticante, nesta faixa etária, que seja um “grande campeão” e, ao cometer erros, isso pode não ocorrer, insere nele, mesmo que sem querer, esse medo de errar, e a criança aprende assim.

…e uma dica

Quando um pai de um aluno, dentro desta faixa etária, me procura querendo saber se seu filho “serve para a luta” eu sempre digo que até os 10 anos é muito cedo pra saber. Se ele é dedicado, respeitoso, educado e corretamente incentivado, pode ser que sim ou pode ser que não. Se ele tiver todas estas qualidades, mas não for corretamente incentivado, tenho certeza que não. E sempre, a minha dica é: “deixe seu filho se divertir dentro da arte marcial. Deixe ele amar essa prática ao ponto de ficar se preparando diariamente para os dias de AULA, e não mais se torne uma obrigação para ele, ter de ir treinar”. Se isso for respeitado, você, pai, verá sempre o brilho nos olhos do seu filho e receberá o sorriso dele… De dentro do Tatame.

Um bom sábado a todos.

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