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Gato selvagem ameaçado de extinção é registrado em Rosário do Sul

Cientistas fotografaram um gato-palheiro-pampeano na cor preta, um gato selvagem típico do Pampa, em Rosário do Sul. A fotografia foi feita em julho de 2021, no Campo de Instrução Barão de São Borja (CIBSB), território do Comando Militar do Brasil, localizado entre o município e a cidade vizinha, Cacequi. O estudo científico com a descrição do registro foi publicado apenas no dia 28 de julho deste ano, na revista científica Biota Neotropica, e divulgado pela Agência Bori de comunicação científica.

Ameaçado de extinção, o único e último registro do gato-palheiro-pampeano da cor preta ocorreu em 8 de julho de 2021. A espécie é um dos felinos mais ameaçados de extinção no mundo. Pesquisadores estimam que há menos de 100 animais no Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina.  Também conhecido como gato-dos-pampas, o felino pode ter quase um metro de comprimento e pesar até 3,5 kg. A ciência tinha apenas sete fotografias do animal e sequer sabia que existe uma versão preta, causada por uma mutação genética que gera excesso de pigmentação chamada de “melanismo.” A cor original do felino é acinzentada.

O registro foi feito pelo zoólogo Fábio Dias Mazim, da ONG Instituto Pró-Carnívoros e da empresa Ka´aguy Consultoria Ambiental, em conjunto com biólogos e veterinários de diversas instituições, incluindo Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS).

Em entrevista ao Jornal Zero Hora, Mazim disse que a cor preta nesta espécie pode ser causada pelo cruzamento familiar – como há poucos animais vivos no planeta, os felinos cruzam entre parentes.

 “Se tem indivíduos parentes cruzando entre si é porque a população é muito pequena. A previsão é de que esse felino seja extinto em dez anos. Isso porque ele vive no campo, que é difícil de preservar. A agricultura, primeiro de arroz, depois de soja, destruiu o hábitat dele. Ao se extinguir a casa do bicho, se extingue o bicho. Queremos criar um selo de certificação do boi verde para o incremento da pecuária, que não destrói o Pampa. Assim, a renda será equivalente à da soja, o que oferecerá alternativa”, disse o ecólogo.

De acordo com a Biota Neotropica, para conseguir a fotografia foram utilizadas entre seis e nove câmeras trap, instrumento com sensores de movimento e/ou temperatura que dispara fotos automáticas sempre que um animal passa diante de seu visor. Os equipamentos foram distribuídos com um espaçamento em média de 500 metros cada, com foco em campos nativos, livres de agricultura por ao menos 40 anos.

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Devido ao fato dele ser raro, foi necessário que as câmeras trabalhassem ininterruptamente para conseguir o registro. Segundo Mazim, o feito tem potencial de trazer mais atenção para este animal, algo essencial na garantia de que medidas e ações em prol da conservação sejam tomadas para minimizar seu risco de extinção.

Foto em destaque: Fábio Mazim / Arquivo

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