Ex-prefeito Ney Padilha fala dos perigos da fumaça inalada pelas vítimas

Jornal Gazeta de Rosário conversou com o médico clínico geral e ex-prefeito da cidade, Ney da Silva Padilha, sobre o principal motivo das mortes da tragédia em Santa Maria: asfixia. Ney conta que quando uma pessoa inala a fumaça tóxica ela se predispõe a uma reação inflamatória, ou seja, são prejudicadas todas as funções do pulmão, o que diminui o nível de oxigênio respirado.

“Com o oxigênio abaixo de 18%, já se começa a apresentar tontura e confusão mental. Naquele ambiente de festas, as pessoas estavam descontraídas, sem nenhuma defesa. Muitas delas podem até nem ter se dado conta do que aconteceu”, analisa o médico. Além disso, ele explica que a fumaça inalada pode conter a queima de inúmeros tipos de metais, que se resfriam ao entrar no organismo.

Desta maneira, as pessoas que sobreviveram ao incêndio podem apresentar sintomas dias depois. “Elas podem ter dificuldades respiratórias prejudicando outros órgãos. O sangue sofre automaticamente, mas não só ele, como o cérebro, os rins e tudo mais”, conta.

Estrutura e prevenção

Ney também lamenta a perda de tantas vidas e garante que a melhor maneira de fazer com que estes acontecimentos não se repitam é oferecer uma estrutura adequada em grandes eventos. “A primeira coisa é a prevenção. Se tu vai montar uma casa noturna, tu tens que pensar em todas as possibilidades. A mesma população que tu abriga é a mesma que tu vai ter que evacuar no momento necessário”, diz.

O rosariense deixa claro que o episódio da boate Kiss deverá ser exemplo para a população saber escolher os lugares em que frequentam. “Quando uma boate é barrada, interditada, a gente tem que procurar saber o porquê. Acredito que hoje todos os clubes em Rosário tenham uma porta de escape, mas teriam que ser fiscalizados novamente. Precisamos começar a exigir, observar e cobrar”, conclui.