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Rosariense vítima da Kiss é homenageado com nome de rua em Bagé

Uma singela homenagem para eternizar uma perda precoce. O rosariense Matheus Pacheco Brondani, uma das vítimas da Boate Kiss agora é nome de rua em Bagé.

A homenagem foi inaugurada na última quinta-feira (13) , na cidade onde Matheus estudava Medicina Veterinária. A ocasião contou com a presença dos pais do rapaz, além de amigos e membros da Escola de Laço fundada pelo pai do homenageado, Mário Nei Brondani, e que também leva o nome do saudoso jovem.

A proposição da homenagem foi do então vereador Geraldo Saliba (PTB), em 2019, e foi sancionada pela Prefeitura de Bagé. Anteriormente, a rua levava o número de 52, no bairro Dona França, próximo da sede da Escola de Laço que leva o nome de Matheus, que completaria 31 anos nesta segunda-feira (17).

Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

Matheus mudou-se com a família para Bagé em 2012, para cursar Medicina Veterinária pela Universidade da Região Campanha (Urcamp). Na data da tragédia, em 27 de janeiro de 2013, ele visitava a namorada Daniela Betega Ahmad, em Santa Maria, onde também havia participado de um rodeio. Os dois faleceram na tragédia da Boate Kiss, que vitimou 242 pessoas e deixou 680 feridos.  Os réus do processo devem ser julgados no mês que vem.

Brondani herdou do pai Mario Nei e da mãe Ana, o amor pela tradição gaúcha. Era considerado exímio laçador e muito premiado, ofício passado de pai para filho. Em entrevista à Gazeta, Mario Nei falou sobre a homenagem feita ao filho. “Me sinto muito honrado pelo que a comunidade de Bagé tem feito conosco. Hoje, vimos o nome de nosso filho sendo eternizado. Agradecemos ao Geraldo Saliba e a todos que tiveram participação neste ato. Nosso carinho a todos vocês”, disse.

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Brondani também ponderou que outros municípios poderiam seguir o mesmo exemplo de Bagé, lembrando dos filhos que pereceram na maior tragédia acontecida no Rio Grande do Sul. “Isso ameniza a dor dos familiares. Gostaria de ver outras famílias reconfortadas pelo Estado, como nós fomos aqui em Bagé, pelo poder público”, complementou Brondani.

Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

Um projeto de pai e filho que virou realidade

Brondani mantém a Escola de Laço em homenagem ao filho junto com a esposa Ana Rosa. Até o momento, mais de 350 crianças, jovens e adultos já passaram por lá. “Isto tem nos ajudado a tocar nossas vidas com menos sofrimento”, declarou ele.

A escola foi fundada depois da partida prematura de Matheus. Conforme entrevista de Mario Nei à Folha do Sul, o projeto era um sonho de pai e filho. “Quando aconteceu a tragédia, pensamos em parar com todas as atividades tradicionalistas”, contou Mário Nei. Foi a mãe de Matheus que convenceu o esposo a seguir com a ideia e assim, após apresentarem o projeto para a Associação dos Amigos do Parque do Gaúcho, começaram os trabalhos.

“Para nossa surpresa começaram a aparecer os alunos. Dessa forma, fomos conseguindo superar com mais facilidade toda a tragédia”, relatou Brondani. “O carinho dos alunos e dos familiares chegando até nós nos acalentou muito e fez com que nos fortalecêssemos. Não esquecer, porque não tem como, mas enfrentar de cabeça erguida e tentar ajudar os outros”, afirmou.

Assim, Mário Nei e Ana Rosa ajudam crianças, jovens, adultos e suas famílias não somente com o tiro de laço, mas com sua experiência de vida. “Hoje, o Estado inteiro conhece a nossa história. Temos muitos alunos, até de fora do Rio Grande do Sul. Por aqui passaram muitas histórias bonitas. E com nossos alunos realizando os sonhos deles, também estamos concretizando o nosso e o do Matheus”, disse Brondani à Folha do Sul.

O tradicionalista e instrutor Mario Nei destaca que Matheus era diferenciado, dedicado aos estudos, ao laço e também a danças tradicionais, como a Chula, participando das finais do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (ENART). Matheus laçou com os melhores do Brasil: “Meu tempo e meu trabalho é 100% direcionado para a lembrança do meu filho. Tudo que faço é para homenageá-lo”, declara o pai Brondani.

KISS – Na tragédia da Boate Kiss há sete anos atrás, além do jovem Matheus Brondani, faleceram os rosarienses Marfisa Caminha e Leonardo Schopf Vendúsculo. Outros rosarienses também ficaram feridos no triste episódio, cujo julgamento de quatro réus deve ocorrer a partir de março.

Foto em destaque: Arquivo Pessoal/Divulgação

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